São Paulo, domingo, 10 de agosto de 1997
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França não tem empregos suficientes

MARTA AVANCINI
DE PARIS

A inserção dos imigrantes no mercado de trabalho continua a ser um problema na França, apesar da tendência de redução da entrada de estrangeiros no país.
Nos últimos dez anos, foram criados 900 mil novos empregos, número insuficiente para absorver esse contingente.
"A forte presença de imigrantes ocorre porque o visto de residência permite, automaticamente, direito de trabalhar", explica André Lebon, conselheiro da Direção da População e das Migrações. O órgão é ligado ao Ministério da Administração do Território, da Cidade e da Integração e forneceu as informações para a OCDE elaborar seu relatório.
A dificuldade de inserção dos estrangeiros tem reflexos sobre a taxa de desemprego.
Se, em 1996, os imigrantes provenientes da União Européia representavam 10,9% dos desempregados, os que vieram de outras regiões do mundo correspondiam a 32,3% do total.
A taxa média de desemprego registrada no país em 96 foi de 12,1%, atingindo cerca de 3 milhões de pessoas.
Em junho, chegou a 12,6% -3,1 milhões de pessoas, aproximadamente.
"A própria crise econômica está afastando os estrangeiros, mas existe um saldo de imigrantes e um problema social a ser resolvido", afirma Lebon.
A tendência de redução da entrada de imigrantes na França começou a ser percebida em 93, diz o conselheiro.
Este ano, cerca de 200 mil imigrantes entraram no país, contra 116 mil no ano anterior.
Em 1995, 97 mil pessoas haviam se mudado para a França. Os dados são do relatório da OCDE com base em informações do governo francês.
Cidadania
A adoção de uma legislação mais rigorosa de controle da imigração é outro fator de desestímulo à imigração.
A Lei Pasqua, que trata da imigração no país, tornou mais rígidos os critérios para a obtenção da cidadania para filhos de imigrantes e pessoas casadas com franceses, entre outros pontos.
Lebon afirma que os governos se vêem forçados a tomar esse tipo de medida em virtude das dificuldades internas.
Ele cita o caso da França, em que o rigor não foi suficiente para resolver o problema da imigração e integrar os estrangeiros ao mercado de trabalho.
"É preciso pensar em novas soluções, que sejam capazes de contribuir para gerar mais empregos", avalia.
(MA)

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