São Paulo, domingo, 10 de agosto de 1997
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Padarias

CLEBER MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

O setor de panificação abriga uma concorrência acirrada, mas costuma oferecer a chave do sucesso para empresas que adotam uma estratégia diferente de atuação. O caminho tem sido a segmentação ou a diversificação dos produtos.
Sofisticar a linha de pães, ampliar o cardápio, vender produtos de mercearia e oferecer jornais e revistas para os clientes são alguns dos chamarizes que as padarias usam na disputa por espaço entre os 55 mil concorrentes no país.
Parte dos empresários contabiliza lucros ao transformar o pão na estrela do negócio, caso das butiques especializadas. E há também quem se dá bem usando o produto para atrair clientes para outros serviços, como o de lanchonete.
"A grande arma desse setor hoje são as compras por impulso. Por isso é importante ter um balcão com pães bonitos, diferentes, além de doces, chocolates e sorvetes, que chamam a atenção do consumidor", avalia Cláudio Saito, 27, consultor do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo).
É com esse objetivo que muitos empresários estão colocando a mão na massa em cursos de panificação e montando lojas mais sofisticadas (veja textos na próxima página).
Segundo Saito, os supermercados já descobriram que os produtos de panificação são um bom atrativo. "Muitos oferecem pão a preços bem baixos, porque não é aí que vão lucrar, mas sim com outros itens que o cliente compra."
Além da estratégia de competição, outro desafio para quem escolhe as padarias como negócio é o baixo consumo de pães no país. Cada brasileiro consome 27 kg do produto por ano, em média. Em comparação com o Brasil, os latino-americanos esbanjam voracidade. No Chile e na Argentina, a média chega perto dos 90 kg por habitante ao ano. Os mexicanos registram 60 kg per capita, valor próximo ao apontado na Europa.
"Ainda não existe uma cultura nacional de consumo de pães. Muitas pessoas não têm o hábito. Outras evitam, porque têm a falsa idéia de que o produto só serve para engordar", afirma Frederico Maia, 55, presidente da Abip (Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria).
Segundo ele, a Abip planeja promover campanhas de incentivo ao consumo de pão. Desde 95, quando caiu de 30 kg para 27 kg por habitante/ano, o desempenho do pão se mantém no mesmo patamar.
Essa "resistência" dos consumidores é apontada como um dos entraves para a expansão do setor.
No primeiro semestre, houve um crescimento de 6%, mas sobre o mesmo período do ano passado, que não foi considerado um dos melhores pelos fabricantes.
Maia recomenda um bom planejamento para os estreantes. Segundo ele, quem não tiver um diferencial e um ponto bem-localizado pode ser levado pela maré.
"Só na cidade de São Paulo, cerca de 11% das empresas fecharam as portas em um ano e meio."
Feiras e eventos
Apesar disso, o pessimismo não toma conta do setor. Feiras e eventos têm obtido movimento maior.
A Brasil Pan, realizada há um mês, reuniu 190 expositores -45 estreantes- e atraiu 30 mil visitantes. "O setor está estabilizado", diz Hilton Guedes Imperatrice, 53, coordenador de eventos da Miller Freeman, organizadora.
"Padaria é um bom negócio, mas é preciso ter muita dedicação e abrir mão de folgas e feriados", diz Pedro Casas Pequeno Filho, 31, um dos quatro sócios da panificadora Granada, que fica em Santa Cecília (zona central) e produz 4.500 pães do tipo francês por dia.

LEIA MAIS sobre padarias na pág. 9-2

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