São Paulo, domingo, 10 de agosto de 1997
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Airbag é item de luxo no Brasil

5% dos Palio são equipados

MARCELO TADEU LIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O airbag (almofada de ar que infla em colisões) ainda é um artigo de luxo em veículos nacionais, um ano e meio após estar disponível em modelos fabricados no país.
Hoje, no Brasil, apenas o Palio (versões hatchback e perua), o Ford Ka e o Vectra são fabricados com o equipamento.
A Volkswagen, líder de vendas no mercado interno, não fabrica por aqui nenhuma versão com airbag. Em 98, a família BX (Gol, Parati e Saveiro) deve passar a incorporar o equipamento.
As vendas de versões com airbag no Brasil estão em crescimento, mas ainda são tímidas.
A Ford comercializou no primeiro semestre 20.324 Ka, sendo 306 unidades com airbag -valor que corresponde a 1,5% do total.
A Fiat apresenta números um pouco maiores. De janeiro a junho deste ano, 8.269 Palio saíram da fábrica com airbag (1.034 com dispositivo duplo e 7.235 apenas para o motorista), de um total de 164 mil carros (cerca de 5% dos Palio).
Já o Vectra, principalmente pelo perfil dos compradores, traz valores mais altos. De 8.315 carros produzidos em julho, 1.066 tinham airbag (cerca de 13%) -a GM apenas informou os números do mês passado.
Preço alto
O maior empecilho para a popularização é o preço. Quem optar por um Ka 1.3 com airbag terá de comprar a versão completa (R$ 20,1 mil). No Palio, os valores são de R$ 810 (motorista) a R$ 1.550 (duplo); no Vectra, entre R$ 989 e R$ 1.644.
Um exemplo pode ser dado por uma pesquisa feita pela produtora Matel, durante a Feira do Automóvel, em São Paulo, com 2.766 motoristas. Cerca de 85% acharam o airbag muito importante, mas 77% não estariam dispostos a desembolsar os valores acima.
O airbag faz parte da segurança passiva do carro (protege os ocupantes após uma colisão) e complementa a ação do cinto de segurança: evitar choques contra o volante e o painel.
O airbag é acionado após uma brusca desaceleração, como ocorre numa batida. "Não há nenhuma possibilidade de ser acionado de outra forma", diz o engenheiro Reinaldo Nascimbeni, da Ford.
Sensores instalados na parte frontal detectam a colisão (frontal ou em ângulo de até 30°) e acionam um detonador, que libera gás nitrogênio. O gás infla totalmente a bolsa em cerca de um décimo de segundo -veja quadro no alto.
"O airbag frontal não será acionado com uma velocidade de 15 km/h, por exemplo, ou em colisões laterais e traseiras", diz o engenheiro Marco Saltini, 34, da Fiat.
"Após o uso, o airbag deve ser totalmente substituído", acrescenta Helder Boccaletti, 39, da fabricante TRW. Por isso o motorista que usou o airbag uma vez terá de instalar um novo conjunto e pagar o preço integral.
Duas normas técnicas regulam o funcionamento do equipamento, uma européia e outra norte-americana. Nos EUA, os crash-tests (testes de colisão para avaliar a segurança do carro) podem ser realizados sem o uso do cinto. Assim, para manter a segurança, as bolsas de ar são maiores, mais sensíveis a impactos e enchem mais rápido.
Na Europa, os testes são realizados sempre com cinto de segurança. Os airbags, menores, têm velocidade de acionamento reduzida. Palio, Ka e Vectra possuem airbags que satisfazem as normas européias. "A eficiência dos dois sistemas é igual", garante Boccaletti.

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