São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 1997
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É PRECISO INVESTIGAR

Além do escândalo dos precatórios, que envolve centenas de milhões de reais, o prefeito Celso Pitta e seu antecessor, Paulo Maluf, encontram-se às voltas com novos constrangimentos. A mal explicada operação de venda de frangos para a prefeitura da capital movimenta valores menores, mas joga suspeitas sobre empresas e atividades de familiares.
A estranha declaração do diretor da A D'Oro e sobrinho de Maluf, Caio Lutfalla, de que desconhece a origem de 46% do capital da empresa de sua família, levanta indícios de que, além da suspeita de superfaturamento e sonegação, estejam envolvidas outras questões. Os misteriosos recursos teriam vindo do Uruguai, país que oferece excepcionais facilidades para operações financeiras.
Depois de ter pago R$ 97 mil de multa à Receita Federal por força de uma correção em sua declaração de IR, Pitta pode enfrentar novas complicações para explicar a aparente disparidade entre seu padrão de vida e seus rendimentos declarados.
Os pepebistas têm procurado minimizar sua exposição aos escândalos. Maluf viajou três vezes ao exterior e evitou depor na CPI do Senado. Pitta, por sua vez, tem sido parcimonioso na concessão de entrevistas e nega sistematicamente quaisquer irregularidades. E sua mulher, Nicéa, apresentou até exame médico para não comparecer a um depoimento no Ministério Público. Há um limite, porém, entre a habilidade política e o menosprezo pela opinião pública.
A empresa da mulher e da filha de Maluf vendeu frangos à firma do cunhado do ex-prefeito, que por sua vez forneceu-os ao município. Segundo a promotoria, os preços de mercado eram em média 40% menores que os cobrados da prefeitura. Do outro lado do balcão, o responsável pela checagem do valor das compras do município, Marcelo Daura, fora funcionário da Eucatex, empresa da família Maluf. Existem motivos suficientes para que o MP investigue as operações. Elas podem ser a ponta visível de um grande iceberg.

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