São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 1997
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DÓLAR FORTE

O dólar, que há meses valoriza-se no mercado mundial, chegou nas últimas semanas a níveis considerados preocupantes até pelos que se beneficiam com sua alta. Face ao marco, a moeda dos EUA chegou ao ponto mais alto dos últimos oito anos.
Aliás, essa valorização do dólar é uma das explicações para a crise dos "tigres" asiáticos. Como eles mantêm o dólar como "âncora" de suas políticas cambiais (modelo seguido também pelo governo brasileiro), suas moedas valorizam-se junto com a moeda dos EUA (como o real).
A valorização excessiva do dólar pode, é claro, ser interessante para os exportadores japoneses e alemães, os quais certamente se beneficiam da desvalorização do marco e do iene. Mas, ao mesmo tempo, pode também criar alguns problemas.
Em primeiro lugar, os países cujas moedas se desvalorizam sofrem pressões inflacionárias (por conta dos custos de determinadas importações, como a de petróleo).
Para evitar a desvalorização excessiva, os governos desses países vêem-se na contingência de aumentar as taxas de juros. Juros altos seguram o crescimento (e também as importações) e atraem investidores (que compram marcos, libras ou ienes, atuando assim no sentido contrário à desvalorização das moedas).
Ocorre que, sobretudo no Japão e na Alemanha, a retomada do crescimento tornou-se crucial. No Japão, a maior crise financeira de sua história tende a se agravar, caso a economia cresça menos e os devedores enfrentem juros mais altos.
Já na Alemanha (e, de modo geral, na União Européia), crescimento contido é sinônimo de desemprego crônico e de maior resistência social aos rigores fiscais demandados pelo projeto de integração monetária.
Nos EUA, ao contrário, o dólar forte barateia as importações e dá espaço para o país crescer sem maiores pressões inflacionárias. Nunca foi tão evidente (e intrigante) a capacidade dos EUA para se manterem como uma indiscutível potência global.

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