São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 1997
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Está em pauta agora a verdadeira vocação ecoturística de Parati

FÁBIO FELDMANN

Imortalizada por artistas como Djanira, Frank Sheaffer e Buchard e transformada em patrimônio histórico e artístico nacional, a cidade de Parati, no litoral fluminense, se destaca no cenário nacional como modelo para desenvolvimento de um pólo de ecoturismo, como preconiza a Agenda 21, estabelecida durante a Eco-92.
O ecoturismo é um dos segmentos da atividade turística que mais tem se desenvolvido no mundo, crescendo cerca de 20% ao ano.
No Brasil, sua prática tem sido intensificada nesta década e está concentrada principalmente nos parques, reservas florestais e áreas litorâneas, crescendo em média 8% ao ano.
O potencial de Parati como pólo de ecoturismo é enriquecido por sua capacidade em aliar beleza paisagística a seu patrimônio arquitetônico, pela grande extensão de Mata Atlântica, pelas suas 65 ilhas e mais de 300 praias, suas baías e enseadas perfeitas para velejar.
Isso sem falar no centro histórico, com suas construções dos séculos 18 e 19.
Destaca-se também por sua população, que apresenta diversidade cultural e conhecimentos relevantes que devem ser resgatados, valorizados e disseminados.
Parati ainda se reveste de grande importância para o desenvolvimento do turismo ecológico por abrigar o Parque Nacional da Serra da Bocaina, integrante do maciço da serra do Mar, onde também está localizado o Parque Estadual da Serra do Mar, o maior remanescente contínuo de Mata Atlântica do país, decretado pela ONU uma reserva da biosfera.
Um administrador que pretende construir a agenda do presente pensando na viabilidade de um futuro melhor não pode deixar de pensar e articular o planejamento do desenvolvimento do turismo sustentável.
É extremamente importante a forma de preservar a integridade dos aspectos naturais, sociais e culturais das comunidades, otimizando os seus benefícios para as populações receptoras.
O instrumento eficaz para aplicação dessa política é a integração do poder público com os diversos segmentos da sociedade. Eles devem aliar-se objetivando ações concretas para o desenvolvimento sustentável de qualquer região.
A agenda do ecoturismo deve ser descentralizada, com o poder público participando como agente de integração entre os vários atores sociais.
O ecoturismo é a grande alternativa para o futuro e fonte de renda para as economias em locais carentes de recursos para atender às necessidades das populações.
É estrategicamente saudável aproveitar as belezas naturais de uma região como pólo de desenvolvimento, a exemplo do que vem sendo feito no Vale do Ribeira (SP), uma área "pobre", mas com grande potencial turístico.
Lá, está sendo sistematizado um programa apoiado em seis linhas de atuação: informação, capacitação, infra-estrutura básica, infra-estrutura turística, fomento e divulgação.
O objetivo desse programa, aplicável em qualquer área com belezas naturais, consiste em inventariar e diagnosticar o potencial turístico da região, capacitar a população local para melhor aproveitar os benefícios advindos das atividades de ecoturismo e criar mecanismos de acesso às informações para todos os agentes envolvidos na atividade turística.
Com os Estados sem os recursos necessários para aplicar em políticas de desenvolvimento e os municípios dependentes de ajuda financeira externa, está na hora de os nossos administradores descobrirem que é possível obter recursos com o uso sustentável de suas áreas naturais.
Basta para isso um planejamento adequado e equilibrado, que garanta a preservação dessas áreas para proveito de futuras gerações.

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