São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 1997 |
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Ordem no galinheiro
ELIANE CANTANHÊDE Brasília - Uma venda de votos daqui, um aluguel de mandato dali. É assim, de grão em grão, que os deputados espertalhões enchem o papo. É assim, também, que o poleiro do Congresso vai ficando cada vez mais sujo.É inútil tentar melhorar a imagem da instituição junto à opinião pública se a cada dois meses surge um novo escândalo, e a sensação de impunidade só faz aumentar. Marquinho Chedid foi declarado inocente. Pedrinho Abrão perdeu por apenas um voto na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Os vendedores de votos Zila Bezerra, Osmir Lima e Chicão Brígido continuam ciscando livres no terreiro. O que mais se ouve no Congresso é que "não há provas" e "não se podem cometer injustiças". Logo, fica difícil tentar punir aqueles que todos sabem culpados. Só que o Congresso não é o Supremo Tribunal Federal. A CCJ da Câmara não é uma corte. Os deputados não são, necessariamente, advogados, promotores ou juízes. Trata-se de um foro político, no qual o julgamento também é político. Outros indícios, como depósitos bancários, fitas gravadas e sinais exteriores de riqueza, por exemplo, têm a força das provas que os tribunais exigem. O que conta é a evidência da culpa, que surge desses indícios, é transportada para os jornais e, finalmente, salta aos olhos de qualquer um. O deputado Chicão Brígido já era acusado de vender votos. Agora se sabe que ele também aluga o mandato para sua suplente e rouba o salário dos seus funcionários. Mais do que indícios, os congressistas têm a sua confissão, que a Folha publica hoje. Que me desculpem os juristas e os puristas, mas não tem sentido abrir mais um processo de duração longa e resultado incerto. O tal de Brígido merece rito sumário. E os deputados que metem parte do salário dos funcionários no bolso, uma dura investigação. Brígido não é o único. O mesmo Congresso que devidamente puniu Fernando Collor como um raio não pode fazer corpo mole diante de seus réus confessos. A opinião pública vai cantar de galo. Texto Anterior: O adeus, na hora certa Próximo Texto: Quadro negro Índice |
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