São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 1997
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Galeria expõe transparência de 6 artistas

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REDAÇÃO

A exposição que começa hoje, na galeria São Paulo, com obras de Ana Miguel, Herman Tacasey, José Spaniol, Leila Reinert, Muti Randolph e Sonia Guggisberg não procurava um conceito comum.
No entanto, por roteiros diferentes, as obras dos artistas caminharam para a mesma direção: a transparência usada como recurso estético.
No trabalho de Muti essa característica fica mais latente. A transparência, porém, aparece no discurso do artista. Com a exposição de duas obras feitas para CD do grupo de rock Planet Hemp ele procura "deixar toda a expressividade transparente".
Seus trabalhos, um homem com cara de cachorro e um cão humanizado, são feitos com a fusão no computador de diversas fotografias. Ao exibir peça inicialmente comercial, Muti também quer "deixar transparecer a hipocrisia do cenário artístico".
"Repensar a sociedade, que tem valores imediatos" é uma das preocupações de Herman Tacasey. Com suas gravuras e intervenções sobre vidro, o artista busca a "poética da humanidade".
As transparências de seu trabalho intimista não servem apenas como instrumento de sedução estética. "Minhas obras são como pessoas. Em um primeiro momento você enxerga em um nível, depois com o tempo vai enxergando a personalidade", explica.
Com intimismo centrado na referência ao corpo, Leila Reinert expõe peças em forma de bocas esculpidas em sabão.
Nessas obras, assim como em fotografias que fez de suas pernas imersas em águas -transparentes- de uma banheira, discute a "diluição do corpo".
O corpo também é uma das principais referências de Ana Miguel. No entanto, em seu trabalho ele está relacionado com aspectos da vida psíquica, com "nossos fantasmas, nossos medos".
Sua obra fala da delicadeza em dois sentidos: o que não se fala e o que é frágil. Ela mostra na série "Nest/Nasty" (algo como ninho/desagradável), peças que misturam dentes-de-leite ou olhos de boneca com cera cor-de-rosa.
Com as obras mais conceituais da exposição, Sonia Guggisberg trabalha questões basais da pintura, como planos e sombras, por meio de relevos. Ela faz espécie de dobraduras com telas brancas translúcidas.
No segundo andar da galeria estão os grandes balões de José Spaniol. Mais uma vez são ressaltados a fragilidade, a delicadeza e a transparência.

Exposição: Jovens Artistas
Quando: hoje, às 21h; seg. a dom., das 10h às 19h. Até 3/9
Onde: galeria São Paulo (r. Estados Unidos, 1.456, tel. 852-8855)

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