São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 1997
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Palestinos e Israel têm aproximação

Segurança terá coordenação

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Departamento de Estado dos EUA anunciou ontem que palestinos e israelenses chegaram a acordo sobre a retomada da coordenação em assuntos de segurança.
Autoridades dos EUA disseram que as duas partes, após diversos encontros nos últimos três dias patrocinados pelo enviado norte-americano à região, Dennis Ross, concordaram em realizar reuniões periódicas entre seus agentes de segurança para compartilhar informações sobre ações terroristas.
"O acordo não é a retomada do processo de paz, mas é animador", disse o porta-voz do Departamento de Estado, James Rubin.
Ross, que chegou à região no fim-de-semana, anunciou que deve terminar hoje sua missão.
As negociações entre Israel e os palestinos foram as primeiras desde 30 de julho, quando dois terroristas suicidas mataram 14 pessoas ao explodir duas bombas na parte judaica de Jerusalém.
Depois do atentado, as relações entre palestinos e israelenses, que já vinham se deteriorando, foram rompidas. Israel determinou o isolamento das áreas controladas pela Autoridade Nacional Palestina (ANP) e suspendeu o envio de verbas para a entidade.
O mediador norte-americano criticou as sanções impostas por Netanyahu aos territórios autônomos palestinos. "As medidas não relacionadas com a segurança são contraproducentes", afirmou.
As medidas do governo israelense contribuem para enfurecer os palestinos. Ontem, pelo segundo dia consecutivo, manifestantes foram às ruas gritar palavras de ordem contra Israel e os EUA.
Segundo fontes palestinas, ao menos 10 mil árabes participaram dos protestos em Nablus (Cisjordânia). Bandeiras norte-americanas e israelenses foram queimadas. Os manifestantes também atearam fogo a um boneco vestido como um judeu ultra-ortodoxo representando Dennis Ross -nas mãos de "Ross" uma boneca lembrava Netanyahu.
"Ross, pare de apoiar Israel e de pressionar a Autoridade Palestina para que ela faça concessões", disse um manifestante.
Mussa Abu Marzuk, um dos líderes do grupo radical islâmico Hamas, convocou os palestinos a atacar os colonos judeus. Em entrevista à revista dos Emirados Árabes "Al Islah", Abu Marzuk, que foi expulso dos EUA no dia 5 de maio, disse que estava chamando "os palestinos a realizar ações decisivas contra os colonos".
Netanyahu, que acusa o presidente da ANP, Iasser Arafat, de não se empenhar na luta contra o terrorismo, exige que os palestinos prendam mais de cem supostos militantes árabes radicais que vivem em territórios autônomos, entre eles membros do Hamas.
O premiê israelense deve viajar hoje a Ácaba (sul da Jordânia), onde se encontrará com o rei Hussein. Hussein, o primeiro líder árabe a se reunir com Netanyahu desde o atentado de Jerusalém, disse que pedirá o relaxamento das sanções contra os palestinos.

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