São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 1997
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Piores da TV; Ensino religioso; Assassinato de manobrista; Chicão Brígido; Futuro agora; Morte de Betinho; Deputados de Pernambuco

Piores da TV
"No último domingo, tive a duvidosa honra de ser contemplado pelos 'melhores' da Folha com o troféu Santa Clara do 'pior' da TV.
Gostaria apenas de informar aos jornalistas que participaram dessa eleição (inclusive meio contrariados, como se justifica inutilmente o crítico Fernando de Barros, e com alguma ética na abstenção do sr. Nelson de Sá) que meu trabalho é público e está, naturalmente, sujeito à apreciação da crítica; mas o que não posso admitir é ser 'julgado' por meu grau de parentesco com ninguém. Não fosse filho de dois grandes atores, fato do qual me orgulho, não teria sido alvo de tal chacota.
Exerço a profissão de ator há 13 anos e já tive o privilégio de atuar com os maiores ícones da nossa dramaturgia. Sempre realizei meu trabalho com respeito e dignidade, e exijo o mesmo na sua avaliação. Não posso permitir que seja chamado jocosamente de 'filha' ou 'falha', como brincam, com humor corrosivo no trocadilho. Não preciso das desculpas de ninguém ao público brasileiro por praticar meu ofício -muito menos as de meus pais, pelo contrário.
Os jornalistas que realizaram tal eleição perdem o respeito próprio e o respeito de seus leitores, pois se descredibilizam no exercício de sua função de críticos. A matéria é vazia, infantilóide, preconceituosa e descriteriosa, servindo apenas para depreciar um jornal como a Folha, que tem o hábito de abordar suas pautas com seriedade e responsabilidade.
Fica o 'puxão de orelha' ao sr. Otavio Frias Filho, diretor de Redação, e ao seu irmão, o sr. Luís Frias, presidente desse jornal. Ambos, como eu, são herdeiros do nome, do talento e do ofício de seu pai."
Tarcísio Filho, ator (São Paulo, SP)

Ensino religioso
"O editorial 'Ensino e religião' (Folha, 1º/8), que comenta a nova lei que trata do ensino religioso (lei nº 9.475, de 22 de julho), comete equívocos lamentáveis.
1) O editorial desconhece o conteúdo da nova lei e as inovações introduzidas nesse sentido. Confunde ensino de religião com ensino religioso, ao dizer que a lei pode ser entendida 'como incentivo a que o poder público pague (...) por atividades que dizem respeito apenas ao foro íntimo de cada um'. O que a lei quer é exatamente superar a visão de ensino de religião ou religiões, a fim de primar pelo ensino do conhecimento religioso, de fundo muito mais antropológico e filosófico do que teológico -por isso, universal. Nesse contexto, é também imprópria a separação entre o 'ensino universal' e o 'ecumênico'. Aliás, a Folha (18/6, pág. 3-7), quando da votação na Câmara, deu exatamente esse tratamento ao assunto.
2) Outro equívoco demonstra o desconhecimento puro e simples do texto da lei, ao dizer que 'a nova versão da LDB também substitui o termo 'religioso' por 'ecumênico". Em nenhum momento na lei aparece a palavra 'ecumênico'.
3) A laicidade do ensino público ganhou em muito com a nova legislação. Ela inova ao superar qualquer confessionalidade e ao proibir o proselitismo no ensino religioso. A qualidade do ensino também saiu ganhando, pois a lei exige que os conteúdos sejam definidos pelos sistemas de ensino, ouvindo, para isso, a sociedade civil, e que os professores sejam habilitados para ministrar as aulas de ensino religioso.
É lamentável que um jornal da importância da Folha preste informações errôneas e faça comentários sem base clara, confundindo a opinião pública. À parte as diferenças de concepção, restam a correção da informação e a lisura dos debates."
Paulo César Carbonari (Brasília, DF)

Nota da Redação - O novo texto da LDB de fato não usa o termo "ecumênico". Mas foi esse o entendimento público dado às mudanças. Foi eliminada a possibilidade de ensino de uma única religião e "assegurado o respeito à diversidade cultural e religiosa". A questão central, porém, foi o fim da exigência de que o ensino religioso ocorresse "sem ônus para os cofres públicos". Daí o retrocesso no caráter laico da educação.

Assassinato de manobrista
"No último domingo, Dia dos Pais, quatro trabalhadores de um estacionamento em São Paulo foram abordados por policiais, que os mandaram parar e, após revistá-los, ordenaram que corressem. Os PMs dispararam suas armas e mataram Antônio Carlos Santos.
Nós, petroleiros de São Paulo, exigimos que as autoridades apurem e punam os culpados por mais essa barbaridade. Não é possível que negros, nordestinos e pessoas humildes continuem sendo assassinados pelos homens ditos 'da lei' e nada se faça."
José Samuel Magalhães, presidente do Sindicato dos Petroleiros de São Paulo (São Paulo, SP)

Chicão Brígido
"O que acontece com o Estado do Acre? É um provedor de canalhas para o Congresso? Um Estado sem lei, sem ordem, onde a roubalheira continua impune? Distância geográfica é sinal de impossibilidade de resguardar a lei?"
Atilio A. Zonta (Blumenau, SC)

Futuro agora
"O presidente Fernando Henrique, em mais um discurso elogioso sobre o seu próprio governo, deixou escapar: 'O futuro do país é agora'. Portanto, aproveitem, caros brasileiros; do jeito que as coisas vão, até ele reconhece que o Brasil não terá amanhã."
Alvaro Bernal de Almeida (João Pessoa, PB)

Morte de Betinho
"Se mortos pudessem se comunicar com os que ficaram, veríamos Betinho dispensando, com um sorriso magoado, as lágrimas crocodilescas do sr. Sérgio Motta e o marketing de mau gosto da sra. Ruth Cardoso, sua primeira decepção com o governo antivida que aí está."
João Gilberto Machado (Belo Horizonte, MG)

Deputados de Pernambuco
"O governo pernambucano, depois das greves dos PMs e dos policiais civis, disse que não tinha dinheiro e que o Estado estava falido. Depois, decidiu criar o 15º salário para os deputados. Com isso eles vão receber, ao todo, R$ 90 mil anuais.
Isso é uma vergonha e tem que acabar. E de onde veio esse dinheiro para o salário, se o Estado estava falido?"
Francisco Caetano de Barros (Recife, PE)

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