São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 1997
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VERDADE ASIÁTICA

O Banco Mundial publicou há pouco mais de três anos um volume que se tornou um clássico, "O Milagre do Leste Asiático". A crise tailandesa e a intervenção do FMI, formalizada nesta semana, parecem desmentir a suposição de que algo miraculoso ocorreu de fato naquela região.
Já está claro que a crise atual não é passageira. É importante lembrar, aliás, que crise anterior, a do México, apesar do resgate financeiro comandado pelos Estados Unidos, continua deixando sequelas, na forma de enormes dificuldades para retomar o desenvolvimento.
A ajuda externa evita o pior. Mas o rescaldo costuma ser lento. O que, de resto, não é casual. A verdade é que modelos econômicos festejados como "milagres" têm vida curta.
De um lado, porque, a rigor, não são modelos tão bem acabados quanto imaginam seus apologistas.
De outro, porque a própria euforia que acompanha o sucesso tende a inebriar as lideranças empresariais e políticas, dificultando ou impossibilitando a correção até dos mais óbvios desajustes.
Essa combinação de inconsistência e euforia foi fatal no México e na Tailândia, ameaça outras economias asiáticas e, sem dúvida, paira sobre o "modelo" brasileiro, no qual também se constata lentidão na correção de desequilíbrios evidentes.
Entre os problemas estruturais de solução difícil e lenta está o dos custos de produção. Muito se tem falado sobre o "custo Brasil", como, nos últimos anos, se debateram intensamente os custos asiáticos.
De salários reais crescentes, em dólar, às deficiências na infra-estrutura, vários desses países cresceram com base nas exportações, mas sem os investimentos necessários para evitar a elevação de custos que, com o tempo, tira competitividade das próprias exportações.
A crise cambial torna mais evidentes tais dificuldades e a intervenção do FMI na Tailândia demonstra mais uma vez que não há "milagre" que resista à hora da verdade.

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