São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 1997
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Empresários contestam

DA ENVIADA ESPECIAL

Os empreiteiros citados pelo engenheiro João Batista Veras como coordenadores de esquemas de fraudes em licitações da CRT contestam a veracidade das gravações telefônicas e dizem que também vão processá-lo na Justiça.
Carlos Santana, proprietário da Santana Construções Elétricas, de Santa Maria, disse que julgava que o episódio tivesse sido encerrado com auditoria feita pela CRT. "Para acusar alguém por formação de cartel é preciso ter havido crime e a auditoria da CRT não constatou nenhum crime", afirma.
O advogado de Santana, Sérgio Blater, diz que o engenheiro é desequilibrado e tem tido comportamento paranóico. "Ele se acha perseguido e começou uma guerra de guerrilha. Vamos mover uma ação contra ele pedindo indenização por danos morais", afirma.
O empreiteiro Paulo Veiga, apontado por Veras como coordenador do esquema em Santo Ângelo, diz que também vai entrar com ação por difamação e uso indevido do nome da empresa Veiga Construções.
Segundo o empresário, o engenheiro moveu uma ação trabalhista contra sua empresa, alegando ter sido representante da Veiga Construções em Santa Maria. "Ele nunca trabalhou comigo e tampouco houve essa conversa telefônica citada nas denúncias. Ele tem problema mental."
Wilmar Cunha, apontado pelo engenheiro como coordenador do esquema em Passo Fundo, também nega ter mantido qualquer conversa telefônica sobre acordo de empresas em concorrências da CRT.
"Jamais abriria a boca para falar esse tipo de coisa, sobretudo por telefone e com uma pessoa que não conheço. Além do mais, não existe esse tipo de acordo por aqui. Deve estar havendo um engano ou a tal conversa telefônica foi falsificada."
CRT
A direção da CRT (Companhia Riograndense de Telecomunicações) divulgou nota oficial informando que fez uma auditoria interna para apurar as denúncias de João Batista Veras e que não encontrou nenhuma irregularidade nas licitações realizadas na região oeste do Estado em 1995 e 96.
A estatal diz na nota que vem "buscando a verdade dos fatos" desde que tomou conhecimento da denúncia e tem interesse na elucidação do caso, "pois não comunga com qualquer prática contrária ao interesse público e à lei".
A nota diz que a Eletro Rural Engenharia, que pertencia a João Batista Veras, foi a empresa que mais realizou obras na região para a CRT naquele ano. A auditoria, que está anexada aos autos do inquérito, diz que a empresa foi suspensa do cadastro da estatal por problemas na execução de obras e falta de capacidade financeira.

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