São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FHC quer mudar regimento para aprovar reformas já

KENNEDY ALENCAR
DO EDITOR DO PAINEL, EM BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso e o líder do governo Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) articulam a mudança imediata do regimento da Câmara dos Deputados a fim de aprovar as reformas da Previdência e administrativa ainda em 97 e facilitar a tramitação de futuras emendas à Constituição.
Sem essa mudança, avalia o presidente, ficaria quase impossível aprovar as duas reformas neste semestre. E, como 98 é ano eleitoral, elas praticamente seriam empurradas para 99.
"Como está hoje é antidemocrático. O governo aprova uma matéria no primeiro turno de votação e depois fica obrigado a colocar 308 votos no plenário para manter o que já aprovou", diz Luís Eduardo.
Propostas
São duas as principais propostas costuradas por FHC e Luís Eduardo: mudar o sistema de DVS (destaques de votação em separado) e começar a tramitação das emendas constitucionais por meio de comissões mistas (deputados e senadores).
A modificação no DVS seria suficiente para o governo aprovar as reformas que tramitam atualmente na Câmara. E a criação da comissão mista facilitaria a tramitação das emendas, enfraquecendo a tese de revisão constitucional.
"A revisão é um instrumento forte, que deve ser usado quando necessário. Senão, cada governo que achar que a Constituição precisa ser mudada fará a sua revisão", afirma Luís Eduardo.
O líder do governo procurará o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), para propor a elaboração de um projeto de resolução da Mesa da Casa modificando o sistema de DVSs (destaques de votação em separado).
Para aprová-lo, bastam 257 votos, número facilmente obtido pelos partidos governistas.
A emenda da Previdência, que está para retornar do Senado à Câmara, já seria submetida ao novo sistema de DVS.
E também o segundo turno da reforma administrativa, onde há um dispositivo sobre quebra da estabilidade mais polêmico que o aprovado no primeiro turno.
A principal reclamação do governo é que a oposição apresenta no segundo turno de votação destaques sobre pontos já aprovados no primeiro turno, o que obriga o governo a repetir 308 votos para garantir o que aprovara.
Inversão
O projeto idealizado pelo governo pode inverter esse mecanismo, obrigando quem quer modificar a emenda a obter 308 votos.
Luís Eduardo diz que antes de 1988 as emendas constitucionais eram apreciadas por uma comissão mista.
Hoje, é criada uma comissão na Câmara e outra no Senado. A votação em dois turnos nas duas Casas seria mantida.

Texto Anterior: Pendura federal
Próximo Texto: Maluf inicia campanha e elogia FHC
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.