São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 1997
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Indonésia desiste de defender moeda

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Indonésia foi forçada ontem a adotar o sistema de flutuação livre de sua moeda, a exemplo do que haviam feito outros países do Sudeste Asiático que, desde o início de julho, estão sofrendo ataques especulativos de investidores internacionais.
A decisão foi tomada após a cotação do dólar romper o teto de 2.700 rupias que o banco central do país vinha tentando defender com seguidas intervenções no mercado.
Estima-se que, nas últimas semanas, o governo indonésio tenha gasto pelo menos US$ 1 bilhão de suas reservas de US$ 21 bilhões para comprar a rupia.
Apesar dessa defesa, ontem, o câmbio fechou a 2.760 rupias, com desvalorização de 2,7% no dia em relação ao dólar.
A desistência de defender a moeda, anunciada pelo presidente do banco central, Sudrajad Jiwandono, foi interpretada como revés político para um governo que costuma responder a críticas mostrando êxitos econômicos.
O episódio deverá causar constrangimento por coincidir com o aniversário de independência do país, que será comemorado no domingo, quando o presidente Suharto, que está no poder 30 anos, fará um discurso.
A crise cambial da Indonésia, como em outros países da região, reflete a preocupação do mercado em relação às dificuldades do país no setor externo, marcado por elevado déficit em conta corrente.
A reação da Bolsa local foi negativa. Ao tomar conhecimento da decisão, corretoras deram ordem de venda de ações, o que fez o índice recuar 1,7%. A Bolsa já vinha caindo nos últimos seis pregões, com queda acumulada de 9%.
A rupia não foi a única moeda do Sudeste Asiático a sofrer nova desvalorização ontem.
Nas Filipinas, o peso voltou a cair: o dólar fechou a 29,44 pesos (28,96 pesos na véspera). Analistas atribuíram a queda à redução dos juros, anunciada no dia anterior.
A decisão derrubou o câmbio, com a cotação mais baixa em 20 meses, e não estimulou a Bolsa, que caiu 1,3%, para o ponto mais baixo desde dezembro de 1995.
A crise cambial na região foi deflagrada no início de julho quando a Tailândia permitiu a flutuação do baht, desvalorizando-o.

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