São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pintor move ação trabalhista contra MST

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PARANAVAÍ

Dissidente do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), o pintor Carlos Roberto de Brito, 26, quer receber do movimento, na Justiça do Trabalho, uma indenização trabalhista por invasões de terra realizadas no noroeste do Paraná.
Brito entrou com reclamação trabalhista contra três líderes do MST no Paraná, reivindicando salários pelo período em que atuou como coordenador de grupo em acampamentos e invasões.
Ele reclama um adicional de periculosidade por ter participado (de maio de 96 a fevereiro deste ano) de cinco invasões de fazendas e da sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em Curitiba.
Brito disse que espera receber entre R$ 3.500 a R$ 4.000 pelo tempo em que esteve trabalhando como militante do MST no Estado.
A ação de Carlos Roberto de Brito contra o MST tramita na Junta de Conciliação e Julgamento de Paranavaí (PR). Em 7 de agosto, houve a primeira audiência de conciliação. Sem acordo entre Brito e o MST, nova audiência foi marcada para 8 de maio de 1998.
Na reclamação trabalhista, Brito diz ter sido contratado por Delfino José Becker, Celso Anghinoni e Nildemar Gonçalves da Silva -coordenadores do MST em Querência do Norte (PR)- para pintar faixas e cartazes mediante três salários mínimos mensais, "que nunca foram pagos".
Segundo Brito, além do trabalho como pintor, ele foi designado coordenador de grupo em acampamentos da região, que resultaram em invasões de quatro fazendas em Querência do Norte e uma em Santa Cruz do Monte Castelo.
Na última invasão de que participou, em 31 de dezembro de 1996, na fazenda Dois Córregos, em Querência do Norte (656 km a noroeste de Curitiba), Brito conheceu o proprietário da área, Marcos Prochet -presidente da União Democrática Ruralista local- e resolveu abandonar o MST.
"Eu comecei a questionar certas coisas do movimento, vi que faziam lavagem cerebral com o povo e fui ameaçado pela elite que dirige a organização", afirma Brito.
Ele nega acusação do MST de que tenha recebido dinheiro da UDR: "Saí por não concordar com absurdos como a matança de animais silvestres e a falta de espaço para questionar as ordens das lideranças, que formam uma elite ideológica com objetivos maiores que a luta pela terra."
Brito, que mora em Osasco (SP), disse ter tido divergências "graves" com o MST e foi expulso do acampamento da fazenda Dois Córregos em fevereiro deste ano.

Texto Anterior: Diolinda recebe apoio da Anistia
Próximo Texto: 'É ficção científica', ironiza advogado
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.