São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997
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'É ficção científica', ironiza advogado

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PARANAVAÍ

O advogado do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no noroeste do Paraná, Nivaldo Possamai, classifica a reclamação de Carlos Roberto de Brito como "uma peça de ficção científica". Segundo ele, militar no MST não gera "vínculo empregatício".
"O movimento é uma organização popular, que reúne os excluídos do injusto modelo agrário brasileiro, não uma empresa de ocupação de áreas improdutivas", afirma Possamai.
Segundo ele, o MST vai contestar na Justiça do Trabalho todas as reivindicações trabalhistas de Brito "e provar que tudo não passa de uma farsa absurda, sem a mínima legitimidade".
Nildemar Gonçalves da Silva, da coordenação do MST no noroeste do Paraná, diz "ver o dedo" da UDR (União Democrática Ruralista) na reclamação trabalhista do dissidente sem terra.
"Os advogados dele são os da UDR, ele está amparado no presidente da UDR (Marcos Prochet, da regional do noroeste do PR), e o que ele reclama como emprego é a atividade normal de todo sem-terra que está na luta pela reforma agrária."
Os advogados de Brito são José Ortiz e Gisleine Isso, que atuam também como advogados da UDR no noroeste do Paraná. Gisleine é sócia-proprietária da fazenda São Francisco 3º, invadida desde abril de 96 pelo MST em Querência do Norte (PR).
Dinheiro da UDR
Delfino José Becker, apontado por Brito como "o cabeça" das invasões na região, acusa o dissidente de ter recebido dinheiro (cerca de R$ 20 mil) da UDR para "se infiltrar no MST e tentar prejudicar nossa luta".
Brito disse que a acusação só pode ter sido inventada por uma ex-namorada que deixou no MST, que estaria "magoada".
O presidente da UDR na região nega ter influenciado Brito. "Ele me procurou dizendo que queria deixar o MST. Eu apenas indiquei advogado, nunca discutimos dinheiro", afirmou Prochet.

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