São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997
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Dissidente faz denúncia contra movimento

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PARANAVAÍ

Um dissidente do MST e a UDR afirmam que o movimento planeja criar uma área de insurgência unindo o noroeste do Paraná, o Pontal do Paranapanema (SP) e o sul do Mato Grosso do Sul.
A denúncia é de Carlos Roberto Brito, 26, e de diretores da região da UDR (União Democrática Ruralista) do noroeste do Paraná.
Segundo Gisleine Isso, advogada da UDR na região, o afastamento de Brito do MST e suas revelações sobre a forma como o movimento atua comprovam a existência da preparação para criar um Estado independente -a República do Pontal.
Segundo ele o vice-presidente da UDR-noroeste, Arthur Risso de Brito, o aumento das invasões na região a partir de 1994 mostra as intenções insurgentes do movimento, com apoio de instituições estrangeiras -por exemplo, da Alemanha e de Cuba.
Segundo o dissidente Brito, a discussão sobre a estratégia do MST para criar um Estado independente "é levada por um grupo fechado, da elite do movimento no Paraná e no Pontal".
Brito disse que, como coordenador de grupo nos acampamentos da região noroeste do Paraná, presenciou "reuniões em que o assunto foi debatido".
Absurdo
Lideranças do MST na região incluída na denúncia consideram absurdas essas afirmações.
Na opinião de Rogério Mauro, da coordenação do MST no Paraná, tudo não passa de "uma loucura de fazendeiros, apoiadas em um louco que foi expulso do movimento por absoluta indisciplina".
Mauro também diz que as denúncias fazem parte de uma tentativa da UDR de impedir o processo de reforma agrária.
Celso Anghinoni, do MST no noroeste do Paraná, afirma que só ouviu falar na República do Pontal "por meio desse infiltrado (Brito) e da UDR, uma coisa absurda que nem cabe resposta".
Ivan Carlos Bueno, coordenador de Educação e Formação na regional do MST no Pontal do Paranapanema, afirma que o MST está preparado "para não dar importância a esse tipo de absurdo".
Segundo Bueno, é natural que em um movimento de massas como o dos sem-terra apareçam pessoas como Brito.
"(Essas pessoas) trazem vícios sociais e não se adaptam ao trabalho coletivo."
Bueno afirma que a idéia é ainda mais absurda pela localização geográfica da área. Segundo ele, até em termos de geopolítica, a área é impensável, "pois essa região não tem importância estratégica alguma em termos de país".
(JM)

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