São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997
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No Ceará, estudante aceita pagar

DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

O estudante Luís Celestino de França Júnior, 19, diz aceitar pagar mensalidade na UFC (Universidade Federal do Ceará), onde cursa o terceiro semestre de Comunicação Social, mas não concorda que o ensino superior seja privatizado.
"Acho justo aqueles que têm condições, que são a maioria, pagarem mensalidade, mas não concordo que universidade seja privatizada indiscriminadamente."
França defende que o governo estabeleça um sistema de cotas, garantindo que parte das vagas oferecidas pelas universidades públicas seja paga e outra, gratuita."O aluno que tem condições deveria subsidiar o carente."
Aluno do curso de direito da Unifor (Universidade de Fortaleza), na qual paga uma mensalidade de R$ 200, França diz que convive diariamente com o que considera "uma das piores distorções" do ensino brasileiro.
"O que eu sinto é que meus colegas da Unifor, que é paga, têm uma situação financeira bem pior do que os da UFC, que é pública."
França diz que pelo menos 15 dos seus 25 colegas do curso de Comunicação vão à faculdade de carro próprio e demonstram ter condições de pagar uma mensalidade. "Quase todos vieram de colégios pagos", afirma.
Filho de uma família cuja renda situa-se em torno de R$ 3.500, França não trabalha e acredita que possa continuar nessa situação até concluir os dois cursos. "Vou aproveitar o apoio da família para estudar mais", diz ele.
Para França, a distorção tem origem no fato de que a maioria dos alunos que passam no vestibular são aqueles oriundos de colégios particulares, que têm uma qualidade de ensino superior aos "sucateados" colégios públicos.
França diz que a solução seria o governo priorizar investimentos públicos no ensino fundamental. "Mas tenho medo de que eles destruam as universidades da mesma forma que acabaram com os colégios públicos", diz.

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