São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997
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Peladas não querem saber de político nu

PRISCILA LAMBERT
DA REPORTAGEM LOCAL

O alvoroço causado pelo convite a Débora Cristina Rodrigues, militante do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), para posar nua para uma revista masculina não seria o mesmo se o convite fosse destinado a um homem público -ligado à política ou aos movimentos sociais- que esteja no foco dos noticiários.
O convite gerou polêmica porque os líderes do movimento divergiam sobre quem deveria ficar com o dinheiro, ela ou o MST, e também sobre o valor do cachê (R$ 20 mil), considerado baixo.
Consultadas pela Folha, várias mulheres que já foram capas da revista "Playboy" não mostraram interesse algum em ver políticos ou líderes de movimentos sociais sem roupa.
A reportagem apresentou nomes de alguns homens de destaque na mídia, mas elas recusaram todos.
"Gostaria apenas que os políticos se desnudassem de espírito e do linguajar", diz a atriz Maitê Proença. Ela prefere ver o papa despido a se deparar com fotos de um desses políticos sem roupas.
"Com muito respeito, se eu tivesse de escolher alguém, seria muito interessante ver o papa nu. Ou a Margaret Thatcher, que é quase um homem", brinca.
Também elegeu o papa a cantora e atriz Tânia Alves. Ela diz que o único motivo que a faria comprar uma revista de homens pelados seria pelo inusitado, o imprevisível.
"Só o papa despertaria minha curiosidade. Os políticos ou líderes de movimentos têm mais é que continuar em seus lugares e lutar pelas suas causas."
O desejo de ver um homem nu em uma revista, para a maioria das mulheres, está ligado principalmente aos atributos físicos dos "modelos".
A posição social e as causas que eles abraçam não são determinantes para essa escolha.
"É a beleza que me desperta a vontade de ver um homem despido. Por isso, voto no charme do Fernando Collor", diz a modelo Mari Alexandre, 24, ex-Playboy.
Já a stripper Malu Bailo optou pelo presidente FHC. "Fico curiosa em vê-lo sem roupa em uma revista por saber que é algo impossível de acontecer. Mas principalmente pelo seu jeito misterioso, sério e galanteador."
A "braço direito" do apresentador Gugu Liberato no programa Domingo Legal (SBT), Alessandra Scatena, que será capa da Playboy em setembro, diz que não se sente atraída por nenhum político ou líder de movimento da atualidade.
Para ela, seria muito mais fácil escolher entre atores e cantores. "Eles é que têm 'sex appeal."'
As primeiras escolhas da modelo Adriane Galisteu, 24, também saíram do contexto político-social. Ela compraria a revista correndo se as fotos fossem de Pelé ou de Chico Buarque sem roupa.
A modelo Paula Melissa, 23, foi categórica. "Não tenho a menor curiosidade em relação a esses homens. Quero ver todos bem vestidos e fazendo seu trabalho."
Como as outras entrevistadas, a atriz Leila Lopes rejeitou a lista. "Meu voto é pelo belo nu que faria John Kennedy Jr. ou pelo nu criativo de Fernando Gabeira."

Veja a lista de homens apresentada às mulheres:
José Rainha Jr. e João Pedro Stedile, líderes do MST; Gustavo Franco, novo presidente do Banco Central; Celso Pitta, prefeito de São Paulo; Roberto Requião, senador e relator da CPI dos precatórios; Luís Eduardo Magalhães, líder do governo da Câmara

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