São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997
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Conheça a engenharia financeira dos fundos

GABRIEL J. DE CARVALHO; VANESSA ADACHI
DA REDAÇÃO

O que pode parecer uma "mágica" dos administradores de fundos é uma operação financeira relativamente simples e bem amarrada.
Ao encerrar a captação de recursos junto aos investidores, o banco calcula quanto vai render o patrimônio aplicado em renda fixa durante o prazo de duração do fundo.
Nos fundos de dois meses, a rentabilidade obtida com CDBs, títulos públicos etc. fica em torno de 3%. Essa porção é que pode ir para aplicações de risco. No caso, a maioria desses fundos compra contratos de opções flexível de Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo) na BM&F.
O mercado de opções, um dos que são chamados de derivativos (que derivam dos mercados à vista), é sofisticado.
Mas, para se ter pelo menos uma idéia, imagine dois investidores, cada um com R$ 1 milhão na mão, um apostando na alta e outro na baixa. Eles só vão arriscar R$ 30 mil, ou os juros em 60 dias.
Eles fazem um contrato prevendo que, numa determinada data futura, terão a opção de comprar ou de vender ações da Telebrás.
Como a compra é da opção, e não da ação em si, paga-se apenas um prêmio e não o valor do papel na Bolsa.
Supondo que esse prêmio seja de R$ 12, com R$ 30 mil é possível comprar 2.500 opções de Telebrás.
Considere a hipótese de Telebrás estar cotada a R$ 147,00 na data da compra da opção e subir para R$ 161,70 no vencimento do contrato do fundo, com alta de 10%. Ao exercer a opção de compra, o investidor embolsa a diferença de R$ 14,70. Como são 2.500 opções, realiza R$ 36,75 mil.
Isso equivale a 3,67% do capital hipotético de R$ 1 milhão, ou seja, 36,7% da alta de 10% de Telebrás.
Na hipótese inversa, de queda de Telebrás de R$ 147 para R$ 140, por exemplo, a opção de compra não seria exercida e o investidor perderia os R$ 30 mil dos prêmios. Mas o capital de R$ 1 milhão estaria intacto.
Os fundos trabalham com prazos de 30 e 60 a mais de 100 dias. Quanto maior o período, maiores os juros e a parcela que pode ir para o mercado de opções.
(GJC e VA)

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