São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997
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CUT quer mais greves contra o governo

DA REPORTAGEM LOCAL

Os sindicalistas da CUT (Central Única dos Trabalhadores) querem que a central exponha mais sua oposição ao governo de Fernando Henrique Cardoso.
Pesquisa realizada pelo Datafolha entre os delegados que participam do 6º Congresso Nacional da CUT, em São Paulo, indica que 41% dos entrevistados desejam a convocação de mais greves contra as políticas do atual governo.
Só 10% dos entrevistados acham que a CUT deve procurar negociar mais com o governo e as empresas.
O Datafolha realizou a pesquisa na sexta-feira junto a 359 dos cerca de 2.200 delegados do congresso.
A margem de erro é de cinco pontos percentuais. O evento, que começou na quarta, termina hoje.
A pesquisa revelou também que a greve continua sendo considerada o melhor recurso para os trabalhadores conquistarem suas reivindicações.
Cerca de 75% dos entrevistados a consideram o melhor instrumento de manifestação que possuem.
Outros 22% acreditam que as centrais sindicais devem buscar outras formas de manifestação.
Os trabalhadores também se mostram muito favoráveis à convocação de greves gerais, apesar dos fracassos das últimas tentativas no país.
São 92% os que têm simpatia total por esse tipo de manifestação. Mais 6% apóiam em parte a idéia.
Apenas 1% é contra a convocação de greves gerais como forma de pressionar governos e empresários.
Apesar de defenderem a realização de mais greves, os sindicalistas reconhecem que a conjuntura não é a mais favorável para a radicalização, por causa do aumento do desemprego.
Segundo a pesquisa, 94% dos entrevistados acham que o medo do desemprego está dificultando a ação dos sindicatos.
Para 74%, esse fator atrapalha muito a organização. Apenas 5% acham que o crescimento do desemprego não tem nenhuma influência sobre o movimento sindical.
Desemprego
O desemprego é a principal preocupação dos delegados do congresso da CUT.
Participação nos lucros e melhoria nas condições de trabalho são preocupações menores dos trabalhadores.
Esses temas só foram apontados como prioridade por 8% e 7% dos delegados, respectivamente.
Atuação limitada
A própria atuação da CUT contra o desemprego foi contestada na pesquisa.
A maioria dos entrevistados -64%- acreditam que a central vem tendo um desempenho insatisfatório na questão e acham que ela deveria agir mais.
Outros 34% acham que a atuação da CUT está dentro da capacidade de ação de uma central sindical.
Apenas 2% consideraram que a ação da central nessa questão supera as expectativas.
O desemprego, aliás, mereceu destaque no congresso da CUT.
Ele é um dos quatro temas que formam o slogan do evento: "CUT 2000: emprego, terra, salário e cidadania".

LEIA MAIS sobre a CUT na pág 2-15

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