São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997
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Panamá quer expulsar jornalista

The Wall Street Journal
de Nova York

DO "WALL STREET JOURNAL"

"O Panamá tradicionalmente recebe com boas-vindas todos os seus hóspedes estrangeiros, do deposto xá do Irã ao presidente equatoriano que se orgulha de ser chamado de 'El Loco'. Nesse momento, no entanto, o país está pondo para fora Gustavo Gorriti, um jornalista peruano premiado que tem atormentado o presidente panamenho, Ernesto Perez Balladares", diz o jornal.
Segundo o "Wall Street", o "Touro", como Balladares é popularmente conhecido, se irritou com reportagens sobre as finanças da campanha eleitoral do presidente.
"O governo do Panamá insiste que expulsar Gorriti é uma mera questão de seguir as leis, incluindo uma que proíbe estrangeiros de assumir cargos de chefia nos jornais locais", relata o diário.
Até o novelista britânico John Le Carré saiu em defesa de Gorriti, diz o "Wall Street". Le Carré escolheu o Panamá como cenário do seu livro "The Tailor of Panama". Num comunicado publicado na última semana, o escritor acusou Balladares de "cometer um ato insensato que a opinião mundial não vai ignorar".
O plano de deportar Gorriti irritou panamenhos oponentes dos militares que comandaram o país até que a invasão norte-americana depôs o homem forte, general Manuel Noriega, em 1989. "Eu vejo isso como o retorno aos dias de gangsterismo", disse ao jornal Roberto Eisenmann.
Para Gorriti, "isso é uma questão de princípios". Ele não tem planos para ir a lugar algum. "Se for necessário, eu me entoco em La Prensa, embora, infelizmente, eles não tenham banheiros".
O jornal relata que esta não é a primeira vez que Gorriti tem problemas com o poder. No Peru, em 1992, quando incomodou Fujimori com suas reportagens, foi "desaparecido" pelo Exército durante 36 horas até que uma campanha internacional forçou o Peru primeiro a reconhecer que estava mantendo o jornalista e depois a lhe conceder liberdade.
A história de Gorriti que mais incomodou Balladares foi sobre o envolvimento de José Castrillon Henao, homem do cartel de Cali no Panamá, na campanha presidencial.

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