São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997
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Alimentação reduz as margens de lucro

CLEBER MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

Três anos após a introdução do Plano Real, a palavra de ordem no ramo de fast food passou a ser a mesma dos bancos e de vários setores da economia: reestruturação.
Passada a euforia inicial de consumo, que durou até o final de 95, as empresas de alimentação tiveram de repensar suas estratégias.
Vendas estabilizadas ou em queda, aumento da concorrência e controle da inflação levaram muitas redes a reduzir preços, margens de lucro e número de funcionários, além de renegociar com fornecedores e mudar o cardápio.
Em quase todos os casos, as vendas por loja pararam de crescer ou aumentaram pouco desde 95. Mas o balanço total das redes tem sido positivo, devido à abertura de novas unidades (veja texto abaixo).
"O setor teve um enorme crescimento em 94 e 95, mas sofreu um decréscimo no ano passado", avalia Guilherme Affonso Ferreira, 44, presidente da Arby's no Brasil.
A rede registrou uma alta de 50% no faturamento de 95, em relação ao ano anterior. Mas houve uma queda de 10% no número de 96.
Segundo ele, a Arby's reajustou os preços em 5,5% desde julho de 94. A inflação no período ficou em 67,13%, segundo a Fipe.
Nos últimos 12 meses, os preços da alimentação fora de casa subiram 1,12%, contra uma inflação de 5,81%, segundo o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe.
"O custo da mão-de-obra cresceu 70%, e o dos aluguéis, 50%. Isso leva a uma redução das margens de lucro, do número de funcionários e a outros cortes nos gastos."
"Trocamos de fornecedores, terceirizamos a produção de recheios e criamos um comitê de franqueados para negociar as compras", diz Marcos Eduardo Regina, 36, presidente da Pastelândia. Ele diz que reduziu de oito para seis o total de funcionários por loja e que ampliou o cardápio.
Essa também foi a estratégia adotada pela La Basque. "Criamos novos sorvetes para tentar ampliar o consumo", afirma Rosana Prieto, 34, gerente de franquias.
"O problema é que, no início do Real, houve uma explosão de demanda sem oferta. Em 95, a competição ficou maior", diz Juarez Rizzieri, presidente da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). Para evitar um baque maior, várias redes estão sendo reestruturadas, como as internacionais Pizza Hut, KFC e Subway.
As duas primeiras estão reavaliando o retorno operacional das franquias. Também ampliaram a fiscalização, após o fechamento de 18 lojas da Pizza Hut no Rio.
A Subway não dá detalhes, mas informa que quer investir R$ 25 milhões -250% a mais que em 96- na abertura de 71 novas lojas. Hoje são 46.

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