São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 1997
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Empresa é "cota" do PPB no governo

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Cabide de empregos e espaço para o loteamento político na administração federal, os Correios são presididos por Amilcar Gazaniga, indicado pelo senador Esperidião Amin (PPB-SC), na negociação de apoio político ao governo Fernando Henrique Cardoso.
"De todos os órgãos do ministério, o único que não pude controlar desde o início foram os Correios", disse o ministro Sérgio Motta, em entrevista concedida à "Veja" no final de julho.
Ex-presidente da Eletrosul, ex-secretário de Transportes e de Meio Ambiente de Santa Catarina, ex-prefeito de Itajaí (SC), Gazaniga é um estranho no ninho dos tucanos.
Sua diretoria tem em comum, com poucas exceções, o fato de ter assumido a estatal sem nenhuma experiência no setor.
A empresa estimula a idéia de que não há prejuízo se a diretoria não é do ramo. Os Correios funcionam, diz-se, graças à competência dos 23 diretores regionais.
Gazaniga foi empossado nos Correios afirmando que não estava disposto a "atender a interesses políticos menores".
Um de seus atos foi autorizar a distribuição gratuita de 80 mil cartilhas de orientação para mulheres candidatas às câmaras municipais.
Outra repartição
"Cota" destinada ao PPB no governo FHC, os Correios estiveram durante muito tempo sob a influência do PFL baiano, nos anos em que a estatal foi presidida por José Carlos Rocha Lima.
Ao contrário de Gazaniga, Rocha Lima fez uma carreira de 21 anos nos Correios. Cometeu impropriedades que atraíram a atenção de auditores do TCU (Tribunal de Contas da União) e erros de gestão -como a desastrada introdução do sistema de franquias sem rigorosa avaliação econômica e com base em critérios políticos.
Mas é atribuída a Rocha Lima a criação do bem-sucedido Sedex, serviço de entrega rápida de encomendas, modelo que ele desenvolveu e cuja experiência levou para a Vasp, inaugurando uma concorrência privada que tem preocupado a direção da estatal.
(FV)

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