São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 1997
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O homem certo?

VALDO CRUZ

Brasília - Gustavo Franco assume hoje a presidência do Banco Central. Atinge o ponto mais alto de sua carreira no governo num momento não muito favorável da economia.
Apesar de todas as medidas que a equipe econômica já adotou até agora, a situação das contas externas continua delicada.
O déficit em conta corrente, principal indicador da saúde da economia brasileira em tempo de âncora cambial, vem subindo a cada mês.
O governo apostava que ele ficaria neste ano em 3% do PIB (Produto Interno Bruto). Já está em 4,35%. Pode fechar o ano perto de 5%.
Diante desse quadro adverso, economistas do mercado avaliam que a equipe econômica não poderá esperar por uma reação a médio prazo das exportações para tranquilizar definitivamente os investidores estrangeiros.
Estaria chegando o momento de o governo promover alguma correção de rumo na sua política cambial. Alguma coisa como acelerar as desvalorizações do real ou alargar a banda cambial.
Tem gente que chega a apostar que, dentro de dois meses, o BC adotará alguma medida nesse sentido.
Assessores do ministro Pedro Malan (Fazenda) afirmam, porém, que qualquer informação sobre mudanças no câmbio não passa de chute.
Agora, o que todos concordam, dentro e fora do governo, é que Gustavo Franco é o homem certo para fazer um ajuste na atual política cambial.
Só ele teria credibilidade para mexer no câmbio sem passar para o mercado a impressão de que o governo decidiu mudar totalmente o rumo de sua política econômica.
*
A equipe de Malan refez seus cálculos e trabalha com um crescimento do PIB neste ano de 3,5%. Antes, a aposta era que a taxa ficasse em 4%.
Para o próximo ano, os economistas do governo avaliam que a economia não pode crescer mais do que 4%.
Tem gente no governo que acha pouco. O ideal seria algo entre 5% e 6% do PIB. Para garantir uma vitória tranquila na campanha da reeleição.

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