São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Doença respiratória afasta alunos das escolas em SP

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

Pesquisa feita com mil crianças da rede pública escolar da cidade de São Paulo revela que 17% desses estudantes faltam às aulas uma ou duas vezes por mês por causa de problemas respiratórios.
A informação consta do estudo A Criança e a Poluição, coordenado pela otorrinolaringologista da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Tânia Sih.
No total, foram entrevistados 3.000 pais de crianças entre 7 e 14 anos, distribuídos igualmente na capital, em Piracicaba (170 km a noroeste de SP) e na região de Batatais e Tupã (norte do Estado).
Em Batatais e Tupã, apenas 9% dos alunos pesquisados têm o mesmo índice de faltas das crianças paulistanas -ou seja, a metade (veja quadro nesta página).
Outro dado da pesquisa que mostra o sofrimento dos alunos da capital, segundo Sih, é a tosse noturna. Enquanto em São Paulo o índice atingiu 14%, em Piracicaba ficou em 10%. Em Batatais e Tupã, cidades menos poluídas, 8%.
Com relação ao número de hospitalizações por asma ou bronquite ou pneumonia, a incidência em São Paulo é o dobro da verificada em Batatais e Tupã.
"Já esperávamos encontrar a situação pior na capital, mas o que nos chamou a atenção foi o número de crianças que sofrem de asma e bronquite na zona canavieira, por causa da queima da palha da cana-de-açúcar", diz Sih.
Em São Paulo, o poluente que mais afeta a saúde da população é o monóxido de carbono (CO), produzido principalmente pelos carros. Os principais sintomas são rinites, sinusites, dor de garganta e alergias.
Já em Piracicaba, um dos maiores centros produtores de cana do Estado, é a fumaça preta.
"Esses elementos carbonáceos agem diretamente no pulmão causando infecções e agravando asmas e bronquites na população", explica Sih.
A palha da cana é queimada para facilitar a colheita. Além de agravar problemas de saúde, também contribui para o aumento do efeito estufa (processo de aquecimento da Terra causado pelo acúmulo de gases poluentes na atmosfera).
O estudo completo da USP será divulgado no 3º Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia Pediátrica, que acontecerá entre 21 e 24 de setembro em São Paulo.
Para contornar os problemas causados pela poluição, a pesquisadora orienta os pais que levem seus filhos para regiões menos poluídas, como cidades litorâneas, durante os finais de semana. "É preciso levar as crianças para respirar ar limpo", diz Sih.

Texto Anterior: SP terá título de 'capital mundial da gastronomia'
Próximo Texto: Frente fria chega e deve diminuir poluição
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.