São Paulo, domingo, 24 de agosto de 1997
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FHC pretende implantar o Ministério da Defesa em 98

MARTA SALOMON
DA ENVIADA ESPECIAL A ASSUNÇÃO

O presidente Fernando Henrique Cardoso marcou para o ano que vem a implantação do Ministério da Defesa, encarregado de coordenar a doutrina e o planejamento das Forças Armadas.
O futuro ministro poderá ser um civil, informou o chefe da Casa Civil, general Alberto Cardoso. "Qualquer brasileiro pode ser, depende da escolha do presidente", afirmou Cardoso.
A criação do Ministério da Defesa foi discutida na reunião da última sexta-feira de FHC com todos os ministros militares no Palácio da Alvorada, e ainda não tem um modelo definido.
Durante a reunião, a idéia não teria enfrentado resistências por parte dos ministros, relatou o general. "Podem tirar isso da cabeça: não há nenhuma reação a qualquer decisão do presidente na área militar", disse.
A criação do ministério é defendida por FHC desde a campanha eleitoral e começou a ser estudada no início do mandato.
No encontro de anteontem, FHC analisou também a escolha da Argentina como aliado especial militar dos EUA e a suspensão do embargo da venda de armas para a região -assuntos que foram debatidos na reunião de presidentes do Grupo do Rio (que reúne 14 países da América Latina e Caribe).
Modelo próprio
Em alguns países, os ministérios do Exército, Marinha e Aeronáutica foram transformados em secretarias da nova pasta. Em outros, os ministérios foram mantidos.
"Não há ainda uma decisão. O importante é que o nosso modelo não seja apenas uma imitação", afirmou Cardoso. Os estudos são coordenados pelo Emfa (Estado Maior das Forças Armadas).
Alberto Cardoso descartou a possibilidade de a criação da nova pasta e a eventual extinção dos ministérios militares levarem à redução do número de militares.
"No Brasil, com fronteiras tão vulneráveis quanto as nossas, ainda não se pode pensar em reduzir efetivos. Pelas próprias dimensões do Brasil, não seria possível diminuir", avaliou o general.
O chefe da Casa Militar disse que a decisão de implantar o novo ministério em 1998 não tem nenhuma relação com a recente rebelião de policiais militares em vários Estados do país. "Esta seria a última razão para criar o ministério", afirmou.
Integrante da comitiva de FHC ao Paraguai, Cardoso disse que a movimentação de militares na fronteira com o Uruguai não preocupa o governo porque se limita a uma ação de patrulhamento terrestre provocada pela presença de trabalhadores sem terra na região.
"O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) é um movimento nosso, a gente não quer exportar para ninguém", observou.

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