São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 1997
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Caminho menor eleva custo da passagem

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma passagem urbana no Rio de Janeiro custa R$ 0,60, ou R$ 0,30 a menos que em São Paulo. Para Maurício Lourenço da Cunha, ex-presidente e atual porta-voz do Transurb (sindicato dos empresários de ônibus), essa diferença é facilmente explicável.
Enquanto em São Paulo um ônibus transporta de 470 a 480 passageiros por dia, no Rio -com a velocidade média maior- o mesmo ônibus transporta de 700 a 800.
Os custos com pessoal também são menores. "Um motorista deles ganha tanto quanto um cobrador nosso, trabalha mais horas por dia, não tem cesta básica, tíquete-refeição ou seguro de vida", diz.
Em outras cidades a tarifa é maior que a de São Paulo. Na região do ABC (Grande SP), a passagem custa R$ 1 para trajetos presumivelmente mais curtos.
Cunha afirma que, em outro plano de comparação, em cidades estrangeiras há bem mais subsídios que em São Paulo.
"Uma coisa é o preço público, aquilo que o usuário paga pelo serviço. Outra, é o custo real do transporte do mesmo passageiro. Há cidades nos Estados Unidos em que se paga US$ 1,00 por um serviço que custa US$ 3,00."
Ou seja, "a sociedade paga parte significativa do custo". De forma concreta, cita ainda Paris, onde a estatal operadora do sistema, a RATP, recebe um subsídio das empresas locais, baseado no volume de suas folhas de pagamento.
Cunha também afirma que o transporte coletivo seria mais barato se recebesse outro tratamento. Caso concreto: nos horários de pico, um ônibus rodava em média a 20 km/h no início da década.
Com o fim da inflação, o volume de automóveis nas ruas aumentou, os congestionamentos cresceram, e hoje nesses mesmos horários um ônibus roda a 12 km/h.
"Com a velocidade caindo, é preciso colocar mais ônibus na mesma linha para prestar o mesmo serviço. O custo então fica bem mais elevado", explica.
Cunha reitera o argumento dos empresários de que hoje um passageiro custa R$ 1,15.
Segundo ele, as empresas estão "operando no vermelho" e sem condições de oferecer ao paulistano um serviço mais barato e de melhor qualidade.
(JBN)

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