São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Esperando Godot

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - Itamar Franco, José Sarney, Ciro Gomes, Paulo Maluf, Cristovam Buarque, Célio de Castro, Tarso Genro, Roberto Requião... O anti-FHC ainda não emplacou.
Se bobear, Itamar não disputa o governo de Minas. Nem mesmo o Senado. Pode ter que se contentar com a emenda que transforma os ex-presidentes em senadores vitalícios.
Sarney acaba de fazer um discurso de candidato, defendendo o Brasil do ataque de ciúme da Argentina. Mas o Congresso inteiro está convencido de que ele apenas esquenta a cadeira para o PMDB apoiar FHC.
Maluf já não conta. Ciro Gomes faz levantamento de terreno no PPS e no PSB, mas sem sofreguidão. Buarque e Castro simplesmente não decolam.
Sobram Tarso Genro e Requião, os presidenciáveis da semana passada.
Tarso depende do patrocínio explícito de Lula, que é o grande nome -mas não necessariamente o grande candidato- das oposições.
Requião agradeceu muito o convite de Brizola para se filiar ao PDT e aposta numa candidatura única de oposição, mas sua prioridade é brigar no PMDB. Só que, ali, a tendência mais forte é manter a aliança com Fernando Henrique.
Na bancada federal do PT, a situação é curiosa: os "radicais" e os "moderados" se engalfinham em torno de abstrações, mas admitem, à boca pequena, que seria bom ter sangue novo em 98. De outro lado, temem que, sem Lula, fique faltando um puxador de votos que lhes garanta a renovação do mandato.
Brizola, Arraes, João Amazonas e outros vão continuar tentando encontrar um nome de consenso, mas esbarrando no PT fechado com o seu candidato (qualquer que seja) e na falta de um nome realmente contagiante para substituí-lo.
O Planalto assiste de camarote às buscas da oposição. Com a reeleição aprovada, a desincompatibilização afastada, a lei eleitoral sob controle e as pesquisas francamente favoráveis, acha que tudo o mais é firula.
Nunca é demais lembrar que eleição não se ganha de véspera. Pelo menos, costumava ser assim.

Texto Anterior: Eu ganho, eles que se danem
Próximo Texto: Orquestra típica
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.