São Paulo, domingo, 31 de agosto de 1997
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Freio puxado; Empurrando o risco; De grão em grão; Nível constante; Pagando dívidas; Efeito dominó; Taxa indomável; Com o pé atrás; Engolindo exportações; Mercado interno; Sotaque latino; Subindo a ladeira; Desserviços na balança; Proporção inversa; Entre a cruz; Afogando em perdas; Faltando dentes

DE GRÃO EM GRÃO

Freio puxado
O varejo se torna cada vez mais rigoroso na concessão de crédito. Parte da queda nas vendas já se explica por essa cautela. A inadimplência e a alta dos juros reais preocupam as grandes redes.

Empurrando o risco
Administradoras garantem: um maior número de lojas está aceitando cartão de crédito. Motivo: melhor arcar com um custo de 2,5% do que bancar perda de até 25% com pré-datados.

A inadimplência de pessoas físicas com renda de até R$ 700 supera a do ano passado, mas é inferior à registrada em 95. A perda definitiva de financeiras (atrasos de mais de 60 dias contabilizados como prejuízos) é de cerca de 2% ao mês.

Nível constante
O crédito às pessoas físicas representa 9% do total (últimos dados disponíveis) e deve ficar neste patamar até no Natal, avalia Fábio Pina, do Banco Fenícia.

Pagando dívidas
Para Pina, a inadimplência das pessoas físicas, de 14,6% em abril, vai cair para 12% por fatores sazonais (13º e dissídio de grandes categorias) no final deste semestre.

Efeito dominó
Pina diz que a curva de desemprego está colada à da inadimplência. "O consumidor que atrasa suas prestações hoje é aquele que não pode mesmo pagar."

Taxa indomável
A inadimplência do cheque especial continua a crescer. Razões: juros de 125% ao ano, "impagáveis", segundo Pina, e a consolidação do pré-datado como instrumento de crédito, usado por 49% dos consumidores endividados.

Com o pé atrás
A crise na Encol deixou os consumidores alertas e precavidos. Hoje, no plantão de vendas, chegam a pedir o certificado negativo de débitos da construtora.

Engolindo exportações

Mercado interno
As exportações de laminados (chapas que são usadas na indústria automobilística e pela linha branca) recuaram 35,3%, enquanto as de polímeros (usados pela indústria de embalagens), 4,1%

Sotaque latino
As exportações de manufaturados estão concentradas na América Latina. Perdemos mercado na Ásia e, na Europa, os básicos é que fazem a diferença.

Subindo a ladeira
No final de 97, o déficit em conta corrente terá crescido acumulativamente para algo como 4,6 pontos percentuais do PIB contra os níveis de 94, diz o JP Morgan. Do total, 3,4 pontos serão atribuídos ao déficit comercial.

Desserviços na balança
Em 97, o déficit de serviços vai crescer 0,6% do PIB, mais de um terço do aumento no déficit na conta corrente, diz o JP Morgan.

Proporção inversa
Como o Brasil faz quase todo o seu comércio exterior com navios estrangeiros, um aumento das exportações sempre implica aumento do déficit na conta de transportes, aponta o JP Morgan.

Entre a cruz
Para um banqueiro, o BC está na posição de um refém com um revólver apontado para a cabeça: basta qualquer movimento brusco e o tiro será disparado. O sequestrador teme pelo potencial de perda que ronda o mercado.

Afogando em perdas
Nas Bolsas, saques nos fundos devem gerar nova queda. Na área da renda fixa, o temor é que o nervosismo obrigue o governo a defender as reservas, subindo os juros nominais -o que impõe perda instantânea para os que estão aplicados em títulos prefixados.

Faltando dentes
Para um analista de banco estrangeiro, a situação dos emergentes asiáticos -e do seu sistema financeiro- é bem pior do que se supunha. "Os novos 'tigres' são banguelas."

E-mail: painelsa@uol.com.br

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