São Paulo, domingo, 31 de agosto de 1997
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Paep - uma oportuna pesquisa

PEDRO PAULO MARTONI BRANCO; LUIZ HENRIQUE PROENÇA SOARES

PEDRO PAULO MARTONI BRANCO
LUIZ HENRIQUE PROENÇA SOARES
A Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), vinculada à Secretaria de Economia e Planejamento do Estado, deu início, na semana que passou, à execução da Pesquisa da Atividade Econômica Paulista (Paep).
Perto de 40 mil empresas de indústria, comércio, construção civil, serviços financeiros e de informática e agroindústria serão visitadas durante os próximos quatro meses por 300 entrevistadores qualificados a recolher, por meio de questionários impressos ou de disquetes, um conjunto de dados.
Esse tratamento estatístico permitirá disponibilizar ao universo de usuários de informações econômicas, em meados do próximo ano, uma base de dados e indicadores representativa do mais profundo, minucioso e abrangente diagnóstico já realizado sobre o conjunto de atividades do pólo mais complexo e dinâmico da economia sul-americana.
Com o assessoramento e consultoria de pesquisadores pertencentes à Fundação Vanzolini e à Fipe, da USP, institutos de Economia e Geociências da Unicamp, Iuperj, da UFRJ, Cebrap, Dieese e das áreas de estudos e levantamento de dados das Federações da Indústria, do Comércio e das Associações Comerciais, Associação Comercial de São Paulo, Sinduscon e do Conselho Regional de Contabilidade, a Fundação Seade desenvolveu, ao longo dos últimos quatro anos, a metodologia que será aplicada ao levantamento ora iniciado e no tratamento e análise dos dados.
Tem-se em vista sua ampla divulgação e disponibilização. Além dos recursos orçamentários do próprio Seade, provenientes de dotações do Tesouro paulista, a pesquisa recebeu significativos aportes da Fapesp e da Finep.
A Paep radica suas origens nas crescentes dificuldades que acabaram impedindo a realização, pelo IBGE, dos censos econômicos programados para 1990 e 1995. E se tornou ainda mais necessária em face das grandes transformações que estão ocorrendo, desde o início desta década, nas estruturas produtivas de bens e serviços, fruto da abertura comercial e da introdução de novas tecnologias, processos e métodos de gestão que vêm demarcando a integração do país à globalização.
As mais recentes ações do governo federal desencadeadas no âmbito do IBGE e que estão possibilitando a reconstituição progressiva de suas fundamentais atribuições redundaram, entre outros resultados positivos, na realização, durante o ano de 1996, do Censo Cadastral dos Estabelecimentos.
Com isso, a Fundação Seade pôde finalmente converter os esforços acumulados em capacitação metodológica na iniciativa concreta de promover a produção de estatísticas rigorosamente comparáveis àquelas que virão a ser produzidas pelo IBGE, no processo já instaurado de recuperação das estatísticas econômicas nacionais.
A Paep representa, dessa forma, um resultado evidente da cooperação iniciada entre o Seade e o IBGE com a parceria estabelecida para a realização, em 96, do Censo Cadastro do Estado de São Paulo.
Evidencia-se que a pesquisa contou, para a sua viabilização, com ampla e privilegiada comunhão de interesses, expressa na excepcional qualidade institucional dos parceiros envolvidos, cobrindo de imensa responsabilidade o empreendimento conduzido pelo Seade, mas também significando um aval inquestionável de que a atuação deste organismo do governo de São Paulo está retribuindo adequadamente as mais relevantes expectativas de pesquisadores e atores sociais quanto ao suprimento de informações econômicas, cujo conhecimento se tornou imperioso e estratégico para o nosso desenvolvimento.
Não deve pairar dúvida de que a ausência dessas informações agrava as imensas dificuldades com que se defrontam empresas, governos e sociedade na acirrada disputa por uma inserção mais competitiva, no empenho por ser mais eficaz na indução do crescimento econômico e na distribuição dos seus resultados e na geração de mais e melhores empregos. Tal lacuna de dados deve, portanto, ser equiparada aos malefícios provocados pelo "custo Brasil".
A Paep constitui oportuna pesquisa, e o êxito com que esperamos coroar a sua realização terá sido fruto da límpida compreensão com que reagirá à presença dos nossos pesquisadores o conjunto de empresários e dirigentes de empresas em todo o Estado, certos de que poderão fornecer as informações demandadas na convicção de que as mesmas serão recolhidas pelo Seade com procedimentos que garantirão rigoroso e absoluto sigilo, prestando-se à única e estrita finalidade de possibilitar o seu criterioso e qualificado tratamento estatístico.

Pedro Paulo Martoni Branco, 47, é economista e diretor-executivo da Fundação Seade.
Luiz Henrique Proença Soares, 43, é sociólogo e diretor de produção de dados da Fundação Seade.

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