São Paulo, domingo, 31 de agosto de 1997
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Equipe formada às pressas vira álibi para má fase

FÁBIO VICTOR
DO ENVIADO A SALVADOR, RIO E CURITIBA

O paulista José Luís Carbone estava sem clube quando recebeu o convite para substituir o uruguaio Hugo de León no comando do Fluminense, na terceira rodada do Brasileiro.
Aceitou de imediato, pois viu a chance de voltar a aparecer no cenário nacional. "Quero recuperar o prestígio, voltar aos grandes clubes", confirmou.
Como treinador, Carbone já passou por "mais de 20 clubes", entre o Brasil e o Oriente Médio.
Foi campeão do Estadual do Rio em 1983, no próprio Fluminense, e teve uma passagem de destaque no Palmeiras, de 86 a 87. Sua última equipe foi o Guarani, no Brasileiro do ano passado.
Após dez rodadas à frente do time no Brasileiro, o Fluminense continua entre os últimos colocados, mas Carbone acha que ainda pode transformar as agruras dos primeiros jogos em vitórias.
Explica isso lançando mão de argumentos que ele diz ter tirado de literatura mística.
"Tudo o que passamos de ruim, pode aguardar que vai vir em vitórias. É a lei natural das coisas. A vida para mim é um gráfico. A mesma altura que sobe tem que descer", afirmou.
Pela péssima campanha das primeiras rodadas, a compensação teria que ser, então, algo como a conquista do título.
"Quem sabe se não. Confio nisso", disse o treinador.
Se comparada à cautela de Carbone, a confiança de alguns jogadores chega a surpreender.
"Aposto com quem quiser que o Fluminense vai se classificar entre os oito e brigar pelo título", provocou o lateral-meia Paulo Roberto.
"Não tem nenhum time melhor que nós no Brasileiro. Estamos nesta situação por causa das primeiras rodadas, mas vamos nos classificar", reforçou o meia Nélio.
O fiasco do time no Brasileiro, defendem os jogadores, deve-se ao desentrosamento do grupo.
Informado de que participaria do Brasileiro duas semanas antes do início da competição, o clube tratou de montar uma equipe competitiva às pressas.
Quase metade do time titular é formada por jogadores que estão há menos de dois meses no clube.
Desde o início do campeonato, o time já contratou cinco reforços.
O meia Nélio foi cedido como parte do pagamento de Renato Gaúcho, vendido ao Flamengo.
O lateral-esquerdo Carlos Roberto foi contratado ao Corinthians, e o zagueiro Adriano, que ainda não estreou, ao Celta de Vigo (Espanha).
Na noite de anteontem, o clube ainda tentava comprar ao Vasco o passe do goleiro Carlos Germano.
A situação vem servindo como álibi para diretoria, técnico e próprio grupo de atletas justificarem o desempenho no Brasileiro.
"Os jogadores chegaram sem nem sequer saber o nome dos companheiros. Estou montando o time dentro da competição", lamentou Carbone.
(FV)

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