São Paulo, domingo, 31 de agosto de 1997
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Atenção ao tabagismo

MARCOS MORAES

O tabagismo representa um dos mais graves problemas de saúde pública no mundo, sendo considerado pela OMS uma epidemia que compromete a saúde, o meio ambiente e a economia.
Seu agente causador é a indústria fumageira, que se utiliza de estratégias variadas para aumentar o consumo de cigarros e charutos, principalmente a publicidade direta e indireta. Ela estimula a crença de que fumar é um ato esperado e aceito socialmente.
O consumo continua maior nos países desenvolvidos. Mas, na última década, a situação vem se invertendo.
A OMS estima que ocorrerão 10 milhões de mortes por ano no mundo por doenças relacionadas ao tabagismo até 2020, cerca de 70% nos países em desenvolvimento, onde os problemas básicos de saúde não foram solucionados.
Dados brasileiros apontam para 80 mil mortes por ano atribuídas ao tabagismo, alarmante média de uma morte a cada 394 segundos. O Brasil, por possuir uma população fundamentalmente de jovens, tem sido alvo crescente das mais diversificadas estratégias de marketing da indústria tabageira, incluindo o contraditório patrocínio de campanhas de saúde e cidadania.
Um exemplo recente é uma campanha de uma grande indústria, aproveitando a legislação que proíbe a venda de cigarros a menores de 18 anos no Distrito Federal. A empresa planeja distribuir cartazes em pontos de venda e escolas da cidade com dizeres que apresentam duplo sentido, fazendo crer que fumar é "legal" e coisa de adulto.
Sob o pretexto de alertar, a campanha, na verdade, torna o cigarro desejável para os adolescentes. Há intenção de ampliar essa campanha por todo o país no momento em que tal legislação for aprovada. Devemos ficar atentos a esse tipo de ação, que muitas vezes envolve as próprias autoridades da área de saúde e educação com uma proposta falsamente cidadã e filantrópica.
Para que o problema não atinja os patamares de mortalidade e morbidade do Primeiro Mundo, torna-se importante mobilizar toda a sociedade.
Diante disso, o Ministério da Saúde, por intermédio do Instituto Nacional de Câncer, vem desenvolvendo ações educativas, como parte da estratégia para o controle do tabagismo no país.
Mas é fundamental que essas ações estejam firmemente respaldadas em uma legislação federal efetiva e abrangente, que garanta o acesso ao conhecimento sobre os males do fumo, proteja a saúde dos não-fumantes e evite a indução dos jovens ao consumo.
Conclamamos mais uma vez a população a não fumar, e formadores de opinião a usarem sua imagem em mensagens e exemplos que contribuam para um país mais saudável.

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