São Paulo, segunda-feira, 1 de setembro de 1997
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Associação vende terrenos e desaparece

DA REPORTAGEM LOCAL

O esquema que promove loteamentos clandestinos nas margens da Billings e Guarapiranga é constituído por várias quadrilhas, segundo o Ministério Público.
É possível comprar um lote irregular às margens das represas por cerca de R$ 5.000. Segundo o Ministério Público, o esquema começa em uma associação, geralmente com o conhecimento do dono do terreno.
No loteamento Nova América, localizado na estrada do Alvarenga, em São Bernardo do Campo, a Folha encontrou moradores que compraram seus terrenos há cinco anos e começaram a construir suas casas há dois.
Os terrenos foram vendidos pela Associação Pró-Moradia Repartição do Espaço. A Folha procurou os responsáveis pela associação no endereço do documento de compra e venda dado aos moradores como se fosse a escritura dos imóveis. No local, funciona hoje um fabricante de carimbos. Não há notícias dos loteadores.
"Eles desaparecem após vender os lotes", afirma o promotor Daniel Fink, da Promotoria do Meio Ambiente.
A promotoria tem dezenas de processos de ação civil pública referentes a loteamentos clandestinos nas margens das represas.
Fink conta que, em um caso, chegou a pedir o bloqueio da conta corrente da associação, mas o dinheiro já havia sido sacado.
Em outro caso, Fink afirma ter chegado ao nome do responsável pela associação, para o qual obteve mandado de prisão preventiva.
Ao chegar na casa do acusado, o promotor descobriu que ele tinha morrido havia cinco anos. "Eles usam identidades de pessoas mortas", diz.
Para Fink, o único meio de deter os loteamentos clandestinos é prender os loteadores no momento em que vendem os lotes. "Se não for assim, fica tarde demais."
Abastecimento
Nas margens da represa Billings em São Bernardo do Campo, o abastecimento de água é feito, semanalmente, por caminhões-pipa da prefeitura. A energia elétrica vem de uma rede clandestina que parte da estrada do Alvarenga.

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