São Paulo, segunda-feira, 1 de setembro de 1997
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Sindicato sustenta os 'sem-carteira'

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Rio Grande do Sul chegou a pagar salários de 11 motoristas profissionais que se viram impossibilitados de trabalhar porque receberam com atraso sua carteira de habilitação, que tem que ser renovada periodicamente.
Alguns dos "sustentados" prestavam serviços para empresas como autônomos. Outros eram funcionários que simplesmente perderam seus empregos.
Atualmente, o sindicato paga salários para cinco profissionais que ainda estão sem carteira.
Normalmente, o sindicato não preenche o salário integral. Chegou, porém, em alguns casos, a pagar R$ 700, segundo o tesoureiro, Aguinelo Jesus Leite.
"Houve quem ficasse 60 dias sem receber a carteira de habilitação, que vinha pelo correio e demorava. O que poderíamos fazer? Deixar esses profissionais passarem fome? Eles não poderiam trabalhar sem a habilitação. Acabamos pagando seus salários", afirmou o presidente do sindicato, Itibiribá Acosta.
Segundo Leite, "mais de mil motoristas, uns 30 ou 40 por empresa, todos de meia-idade e com família para sustentar", perderam emprego ou foram descontados em seus salários porque não tinham a carteira renovada em tempo hábil.
Requisição
O motorista João Ferreira Lopes, 55, empregado da Carris, empresa municipal de transporte coletivo, recebeu dois meses de salário (R$ 700) do sindicato.
Casado, pai de dois filhos e tendo de sustentar um neto, Lopes precisou comprar óculos ao renovar a carteira. Ficou sem carteira de 15 de junho a 4 de agosto.
"Não fiquei mais porque fiz plantão no Detran e me antecipei ao Correio", disse.
"O sindicato me requisitou para realização de trabalhos com a categoria para que eu não precisasse apresentar atestado. Eu queria apresentar atestado para ficar sem trabalhar. Fiquei constrangido", afirma.
O sindicato tem três veículos -um microônibus de 20 lugares, um ônibus de 60 lugares e uma Kombi- utilizados especialmente para levar seus associados até Santa Catarina, onde as carteiras são mais baratas e a entrega, mais rápida. Com isso, procura evitar transtornos para os associados.
Só esses veículos levam uma média de 30 motoristas por mês a santa Catarina.
"Seriam mais pessoas se nós tivéssemos mais dinheiro. Mas não é só isso. No interior do Estado, muitas pessoas fretam condução. Isso acaba saindo mais barato do que esperar dois meses e correr o risco de perder o emprego", afirma Leite.

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