São Paulo, terça-feira, 2 de setembro de 1997
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Feira reúne 1.100 vacas no Agrocentro

SEBASTIÃO NASCIMENTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Fazendo críticas à omissão do governo do Estado de São Paulo e também às multinacionais do setor de leite, como a Nestlé e a Parmalat, por não participarem da mostra, os organizadores da Expomilk anunciaram a data de 20 a 25 de outubro para a sua realização.
A feira, que reunirá 1.100 cabeças das raças holandesa, jérsei, pardo-suíço e girolanda, acontece no Agrocentro, antigo parque da Água Funda, em São Paulo.
"Desde o início da Expomilk, sete anos atrás, solicitamos apoio logístico do governo à mostra. Além de não colaborar, o governo sequer manda seus representantes ao Agrocentro", afirma Virgílio Eustáquio, presidente da associação brasileira do pardo-suíço, uma das entidades organizadoras.
Eustáquio estende suas críticas às empresas. Na sua opinião, elas não estão preocupadas em estimular o produtor de leite, um dos protagonistas da Expomilk.
"Empresas como Nestlé e Parmalat nunca demonstraram interesse na Expomilk. Eu acho que elas dirigem sua atenção mais para o consumidor final", diz.
Surpresa
A reclamação dos organizadores causa "surpresa" ao secretário da Agricultura de São Paulo, Francisco Graziano.
"Não houve nenhuma solicitação oficial de apoio por parte dos organizadores", diz.
Graziano afirma estar disposto a colaborar com a mostra.
"Teríamos feito o possível para ajudar. A secretaria tem interesse em incentivar a pecuária de leite, afinal é o governo, com a compra de 10% da produção, quem mais adquire leite em São Paulo", diz o secretário.
Graziano afirma ainda que esteve presente na inauguração da Expomilk em 96.
"Fiquei muito impressionado com a tecnologia do setor leiteiro e também com a qualidade genética do gado exposto", diz o secretário da Agricultura.
Por meio de sua assessoria de imprensa a Nestlé declarou que sua ausência na Expomilk é devido ao fato de a empresa ser tradicionalmente voltada ao segmento de leite em pó, enquanto a feira dá ênfase ao segmento de leite líquido, especialmente o tipo B.
A empresa diz ainda que os produtores que participam da Expomilk não atuam nas áreas onde ela concentra suas atividades.
Já a assessoria de imprensa da Parmalat declarou que a empresa não tinha nada a comentar.
Recinto pequeno
A Expomilk é a maior mostra de gado leiteiro da América Latina.
Segundo Rodolfo Alonso, presidente da associação de bovinos da raça holandesa, também organizadora, o Agrocentro se tornou pequeno para comportar a feira.
"Se o espaço fosse maior, colocaríamos pelo menos 2.000 animais na exposição", afirma.
Alonso diz que a Expomilk tem um custo total de R$ 450 mil. Ela deve, porém, faturar R$ 3 milhões com a venda de animais e produtos, segundo ele. Essa receita supera em 30% o valor atingido com negócios no ano passado.
Todos os estandes do Agrocentro já foram vendidos. Pelo menos 60 empresas de inseminação artificial, produtos veterinários e até de informática, expõem produtos.
Para Alonso, a importância da Expomilk pode ser avaliada pelo grande número de criadores de outros países que atrai.
"São esperadas representações dos EUA, Itália, Uruguai, Argentina, Paraguai, Chile, Canadá, Holanda, França, Suíça, Espanha, Portugal, Alemanha, Hungria, Dinamarca e Japão."
Os organizadores estão prometendo realizar este ano leilões de gado holandês, pardo-suíço, jérsei e girolanda.

7ª Expomilk - De 20 a 25 de outubro, no Agrocentro, em São Paulo. Informações na Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa, tel. (011) 831-0188.

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