São Paulo, terça-feira, 2 de setembro de 1997 |
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Para Tarso Genro, Lula é 'candidato sem volta' do PT
CLÓVIS ROSSI
Tarso acha que o desfecho do encontro é "bom para o partido e para a esquerda". Parece, no entanto, uma opinião destinada mais a evitar novas dificuldades internas do que uma avaliação realista da situação do PT ou da esquerda. Como comprovação de que considera a candidatura Lula "sem volta", Tarso anuncia que vai "manter e aprofundar" a sua atividade como pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul. "Na próxima semana, já viajo a Caixas do Sul", avisa Tarso. A virtual candidatura Lula, se for mesmo o resultado prático do encontro nacional, contraria as negociações que foram mantidas nos últimos quatro meses pelas principais lideranças do partido. Em maio, Lula, Tarso, José Dirceu (presidente nacional) e Marco Aurélio Garcia, secretário de Relações Internacionais, haviam concordado em que o candidato deveria ser Tarso. Foi em jantar durante encontro das esquerdas, realizado no recanto turístico Marbella Resort, no Chile. A consequência dessa reunião, no entanto, foi contrária ao espírito combinado no Chile: em vez de candidato com as bênçãos de Lula, Tarso começou a ser visto como candidato contra Lula. As três pressões Há um mês, Tarso e Lula voltaram a se reunir. Lula pediu que o ex-prefeito abandonasse a agenda gaúcha, que vinha seguindo, e retomasse a agenda nacional. Tarso concordou, desde que houvesse apoio explícito de Lula a seu nome, para demonstrar ao partido que ele não estava concorrendo com o líder histórico do PT. Quando Janio de Freitas, colunista desta Folha, noticiou os resultados do encontro, houve forte reação no partido, composta por três diferentes vertentes: 1 - os aliados de José Dirceu, candidato à reeleição na presidência partidária, achavam que o lançamento da candidatura Tarso poderia funcionar como fator desagregador e levar à vitória do deputado Milton Temer (RJ), que disputava com Dirceu; 2 - Leonel Brizola, que, por motivos regionais, prefere a candidatura Lula, saiu a campo para enfatizar que a única candidatura capaz de unir a esquerda era a de Lula; 3 - os candidatos a candidatos a cargos legislativos, no PT, se desesperaram porque acham que Lula é um puxador de votos mais forte do que Tarso. Tudo somado, voltou-se ao que é convencional no PT: o partido prefere um candidato que já parta para a disputa com um potencial inicial de votos em torno de 20%, como tem ocorrido com Lula. A rigor, a novidade produzida pelo encontro foi dar a Lula uma margem relativamente ampla de manobra para negociar alianças que ultrapassem os limites habituais (PC do B, PSB e outros grupos menores de esquerda). Não que Lula imagine que vá atrair em bloco partidos como o PMDB. No máximo, supõe que poderá contar com personalidades peemedebistas e até do PSDB. Os exemplos mais citados são os do senador Roberto Requião (PMDB-PR) e do deputado Almino Affonso (PSDB-SP). Texto Anterior: Novas idéias para a Cesp Próximo Texto: Luta por cargos mantém tensão no partido Índice |
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