São Paulo, terça-feira, 2 de setembro de 1997
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Luta por cargos mantém tensão no partido

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Terminada a convenção que não alterou nada nas várias indefinições do PT, foi aberto um novo foco de tensão no partido: a disputa pelos cargos de direção, importantes particularmente no ano eleitoral de 98.
A "esquerda" petista reivindica a secretaria geral, na prática o segundo cargo de importância na legenda, só superado, é óbvio, pela presidência.
Não há garantia sobre a disposição de José Dirceu, o presidente reeleito domingo, de ceder a secretaria. Para piorar, o nome mais cogitado pela "esquerda" para ocupar o cargo é Valter Pomar, que nos bastidores do partido mantém uma histórica inimizade com Dirceu e Luiz Inácio Lula da Silva.
A antipatia é recíproca. Pomar, da terceira geração de uma família com tradição na esquerda brasileira, é um dos líderes da "Articulação de Esquerda", a mais forte entre as correntes radicais que conseguiram sete vagas na Executiva.
A "Articulação de Esquerda" já definiu os dois nomes de sua cota na Executiva: Pomar e Sonia Hipólito. No total, a corrente moderada ficou com 12 das 21 vagas na instância, e os independentes, mais próximos da "esquerda", com as duas restantes.
Ontem, Pomar disse que os radicais petistas ainda não fecharam o nome que querem na secretaria. Ele não se considera impedido de trabalhar com Dirceu por causa da hostilidade entre ambos.
"Qualquer um dos membros da Executiva que apoiaram a candidatura a presidente de Milton Temer tem capacidade política para dirigir a secretaria e plenas condições pessoais para trabalhar com José Dirceu", afirmou Pomar.
Dirceu não atendeu a reportagem ontem. Passou o dia tentando administrar o novo problema. Uma das maiores crises entre os grupos do PT ocorreu na formação da Executiva que encerrou seu mandato na convenção do último fim-de-semana.
Na ocasião, a atual maioria não quis entregar a secretaria para a "esquerda", que em represália recusou qualquer cargo na direção. O impasse só foi superado mais de um ano depois, com o recuo do grupo de Dirceu.
A ala que conseguiu manter-se na presidência do partido com uma maioria precária tem outro problema para resolver. Foi contemplada com apenas seis vagas na Executiva e ostenta em seus quadros número superior de estrelas, potenciais pretendentes a cargos.

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