São Paulo, terça-feira, 2 de setembro de 1997
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Novas regras devem beneficiar setor imobiliário, prevê Abac

Número de participantes deve crescer até 40% neste ano

MAURO ARBEX
DA REPORTAGEM LOCAL

O setor imobiliário poderá ser o maior beneficiado com as novas regras dos consórcios, que estão em vigor desde ontem.
Segundo Dorival Zanetti, diretor da Abac (Associação Brasileira das Administradoras de Consórcios), o número de participantes em grupos desse segmento deve crescer de 35% a 40% até o final do ano.
No último mês de julho, havia 37.500 pessoas participando de grupos no setor imobiliário. O número de contemplados de janeiro a julho foi de 2.863 consorciados, conforme a Abac.
As novas regras ampliaram o prazo de consórcios de imóveis de cem para 180 meses. Permitiram também a formação de grupos para a compra, construção e reforma de residências e imóveis comerciais e para a aquisição de terrenos.
Para o presidente do Secovi-SP (sindicato da construção), Ricardo Yazbek, ainda não existe no setor imobiliário uma cultura de planejamento por prazo muito longo. "O comprador normalmente espera no máximo quatro anos para receber o imóvel", diz.
Ele não acredita que o aumento do prazo ajude a estimular os negócios. "Talvez na área de terrenos haja uma boa aceitação", diz Yazbek.
Conscientização
Operadores e agentes de turismo têm opinião semelhante. Nesse setor, o governo permitiu a formação de grupos para a aquisição de pacotes turísticos. Antes, os consórcios só eram autorizados para a compra de passagens aéreas.
Conforme o presidente da Abav (Associação Brasileira das Agências de Viagem), Sérgio Nogueira, será necessário um trabalho de conscientização para mostrar as vantagens do consórcio. "Hoje, quem compra um pacote turístico quer viajar logo", afirma.
Nogueira estima que o consórcio para viagens seja entre 17% e 20% mais barato em relação às formas habituais de financiamento, como cartão de crédito e cheque pré-datado. "O consórcio é um produto que exige um planejamento", diz.
Ele lembra que uma experiência feita há alguns anos pela companhia aérea Varig -venda de passagens e pacotes numa espécie de consórcio- mostrou-se um fracasso.
A CVC, uma das maiores agências de viagem do país, é mais otimista. Para Fábio Paulus, assistente da diretoria de vendas, as mudanças devem aumentar as vendas de pacotes em pelo menos 10%. "Muitos têm receio de fazer um financiamento longo por causa dos juros. O consórcio pode ser uma boa opção", diz.
Conforme ele, a autorização de consórcios vai permitir o incremento da venda de pacotes que incluem hotéis de melhor categoria. "Hoje, boa parte compra um pacote com hotel mais barato, para pagar menos na venda a prazo."
Contrato
As mudanças das regras vão exigir também mais atenção do consumidor antes de assinar os contratos de adesão a grupos de consórcios.
Segundo Marcelo Wenzel, advogado do Cedecon (Centro Nacional de Estudos da Defesa do Consumidor), com a saída do Banco Central do setor alguns cuidados são importantes, como verificar se existe alguma queixa contra o consórcio e fazer uma leitura atenta do contrato.

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