São Paulo, terça-feira, 2 de setembro de 1997 |
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Morte expõe necessidade de mudança na monarquia
PAULO HENRIQUE BRAGA; FERNANDO CANZIAN
À frente, mais explícito, outro: "Diana, ninguém mais pode machucar você agora. Nem mesmo a família real -Melanie". A morte da princesa e as demonstrações espontâneas a seu favor ofuscam, neste momento, a monarquia britânica. E indicam um veredicto público favorável a Diana em seus confrontos com a família real. "Se a monarquia for continuar, deve ser mais magnânima no seu tratamento à princesa de Gales", diz Harold Brooks-Baker, especialista em monarquia britânica. "'Diana, A Difícil', era um problema que o palácio podia combater. Mas 'Santa Diana' é algo que o palácio não pode enfrentar", diz Polly Toynbee, do jornal "The Independent". O que fica da princesa, agora, é um pedido de respeito a sua personalidade e idéias. "Diana reinventou a monarquia de um modo que talvez seja o único caminho de sua sobrevivência", diz o especialista em família real Anthony Holden. Há dois anos, em um programa de grande audiência da BBC, "Panorama", Diana defendeu que a monarquia deveria "dar as mãos a mais pessoas do que faz hoje". Nova cara Holden sustenta que Diana, com suas "cruzadas" contra a pobreza ou minas terrestres que mutilam, desenhou um novo contorno para o papel da família real: "É o único tipo de monarquia que pode sobreviver no século 21 de Tony Blair (primeiro-ministro britânico, trabalhista) e da Europa unificada." Em sua edição de ontem, o influente "Financial Times" bateu na mesma tecla: menos pretensão e pompa, um toque de humildade e um grupo menor a ser pago pelo contribuinte, cobrou o jornal. O Reino Unido continua a ser um ambiente de monarquistas. Mas poderia, dizem os críticos, se aproximar mais das monarquias dos países escandinavos ou da Holanda -mais liberais e econômicas em demonstrações reais. Charles A morte de Diana também deve expor um pouco mais a falta de brilho do seu ex-marido, Charles. O príncipe de Gales não é considerado, dadas as suas demonstrações nos últimos anos, o homem capaz de conduzir as mudanças aventadas para a monarquia britânica. Afinal, e não só por isso, Charles ainda é visto como um futuro rei simpático ao centenário "esporte" de caça a raposas. A tragédia de Diana também deve aumentar a rejeição do público britânico ao relacionamento de Charles com Camilla Parker-Bowles, sua amante de anos. Neste ponto, discute-se de novo se a alternativa da coroação de William, primogênito de Diana com Charles, não seria uma saída intermediária. (PHB e FCz) Texto Anterior: Filho mais velho de Diana desponta como salvação da coroa britânica Próximo Texto: Caso mobiliza a mídia americana Índice |
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