São Paulo, quarta-feira, 3 de setembro de 1997 |
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Gravidez de 7 meses será interrompida
DA SUCURSAL DO RIO Com autorização judicial, a Santa Casa de Misericórdia, no centro do Rio, deverá provocar hoje a interrupção da gravidez de 27 semanas da dona-de-casa Regina Ferreira da Silva, 25, que carrega um feto portador de anencefalia.O chefe da equipe de plantão da 33ª enfermaria da Santa Casa, Mário de Barros Filho, 36, disse que, por não ter uma parte do cérebro (a calota craniana), o bebê não teria chance de sobrevida. Regina soube que estava grávida com cerca de cinco meses de gestação. Ao fazer uma ultra-sonografia, descobriu que o feto tinha um problema irreversível. Mas só há dez dias o casal entrou na Justiça. Embora Regina não corra risco de vida, o juiz da 14ª Vara Criminal, Marcus Henrique Pinto Basílio, acatou a argumentação de que não haveria possibilidade de sobrevida do bebê após o parto. Indução de parto Barros Filho disse que a intervenção seria considerada aborto se Regina estivesse com até 20 semanas de gravidez. Ela tem quase sete meses de gestação. Com auxílio de remédios, será tentada a indução do parto normal. Caso não seja possível, Regina será submetida a uma cirurgia cesariana para a retirada do feto. Anteontem à noite, a dona-de-casa teve de ser internada na Santa Casa de Misericórdia. Segundo o médico Barros Filho, ela estava com ameaça de trabalho de parto prematuro. Barros Filho garantiu que a Santa Casa não vai desrespeitar uma decisão judicial. Segundo ele, a intervenção em Regina só deverá ocorrer hoje porque, até o início da tarde de ontem, não havia sido entregue a autorização judicial. No final da tarde, Kleber Conradesqui, marido de Regina, disse que a autorização foi entregue pela advogada à direção e que a intervenção deverá ocorrer hoje. Sem sintomas Conradesqui afirmou que a mulher continuava menstruando e não teve enjôos nos primeiros meses da gestação. Por isso, o casal foi surpreendido pela gravidez. Ao saber do problema do feto, começou uma rotina de visitas a diversos hospitais e clínicas. Entre hospitais públicos e clínicas conveniadas, o casal perambulou por seis unidades. Os médicos, segundo Conradesqui, afirmavam que só retirariam o feto com autorização judicial. Mas não davam qualquer orientação. Finalmente, ao serem atendidos na Santa Casa, Regina e Conradesqui receberam a orientação do chefe da 33ª enfermaria, Paulo Belfort, para procurar uma advogada e pedir autorização judicial. Texto Anterior: Para Iris, órgão de controle não é essencial Próximo Texto: Católicas dão apoio a Mello Índice |
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