São Paulo, quarta-feira, 3 de setembro de 1997
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Processo ameaça fofoqueiro da Internet

MARIA ERCILIA
DO UNIVERSO ONLINE

Uma ação movida contra um jornalista na Internet pode ser um balde de água fria nas publicações independentes da rede. Matt Drudge era um jornalista de fofocas que, na base do e-mail e da coragem, acabou cavando um lugar na America Online e atraiu a atenção de alguns milhares de leitores para sua publicação, a "Drudge Report".
Semana passada, um assessor da Casa Branca moveu um processo de US$ 30 milhões contra a AOL e contra Drudge.
O colunista havia afirmado que o assessor, Sidney Blumenthal, costumava abusar da mulher.
Exagerou. Drudge, que nunca foi jornalista fora da Internet, não tinha evidência nenhuma para sustentar sua insinuação e agora está numa situação muito chata.
Tomou pelo menos o cuidado de se retratar imediatamente, mas continua com um processo nas costas.
Numa semana em que a morte da princesa Diana chama a atenção para a ética na mídia, o processo movido contra Drudge leva -guardadas as devidas proporções- uma questão semelhante para o jornalismo eletrônico.
A confusão entre fofoca e informação é altíssima na rede, e a boataria corre solta.
"Colunistas" como Drudge, depois de dar uma ou duas dentro, acabam se sentindo poderosos e, sem um editor para lhes conter o entusiasmo, acabam exagerando. Com o susto desse processo, vão baixar um pouco a bola.
A verdade é que até hoje não aconteceu nada muito grave devido às fofocas que circulam na Internet.
Uma teoria mirabolante sobre o vôo 800 da TWA ter sido abatido pelo Exército norte-americano chegou a vazar para a mídia tradicional, mas não foi muito longe.
Vonnegut
Mais divertida e mais inofensiva foi a história do discurso de Kurt Vonnegut no MIT. Um texto engraçado, no estilo contorcido e irônico do escritor, circulou milhares de vezes pela Internet há algumas semanas.
Recebi três cópias -gostei e guardei. O texto mereceu uma citação na "Wired News" (www.wired.com).
Poucos dias depois, descobre-se que Kurt Vonnegut nunca fez discurso nenhum, e que aquilo é na verdade uma coluna de uma jornalista chamada Mary Schmich.
A "Wired" teve que admitir o engano, e o "New York Times" fez uma reportagem sobre o assunto. O melhor é que a própria mulher de Vonnegut acreditou no negócio e passou adiante também.
Alguns dias atrás, recebi mais uma cópia do tal texto. Apressei-me em avisar ao remetente do engano.
Ele me respondeu que já sabia, que havia uma nota ao final do texto explicando que era falso. Mas que, mesmo assim, ele continuava circulando por aí, transformado em relíquia de uma piada.
Digerati
A gíria inventada pela revista "Wired" pegou mesmo. A palavra digerati acaba de entrar para o Webster, junto com outras expressões dos anos 90, como sexo por telefone ("phone sex") e "dream team".
Na definição do dicionário, digerati é alguém que entende muito de computadores.
Relógio inteligente
A Swatch está testando na Austrália um relógio inteligente. Dentro dele vai um minúsculo "smartcard", com uma antena de baixa frequência.
O dono do relógio pode fazer pagamentos com ele, usando dinheiro eletrônico, e destrancar portas eletrônicas, entre outras acrobacias.
A Swatch (www.swatch. com/) vem fazendo experiências há algum tempo com os "relógios espertos" (a tecnologia é da Philips).

E-mail: netvox@uol.com.br

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