São Paulo, quinta-feira, 4 de setembro de 1997
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Para governistas, Lula é melhor candidato de FHC

ELIANE CANTANHÊDE; MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

PSDB e PFL concluem que Ciro, Sarney e Requião não serão obstáculo

As cúpulas do PSDB e do PFL concluíram ontem que o petista Luiz Inácio Lula da Silva é o melhor adversário para o presidente Fernando Henrique Cardoso nas eleições de 1998 e decidiram evitar demonstrações de fragilidade diante de outras candidaturas.
Embora mantenham a intenção de ganhar já no primeiro turno, os tucanos e pefelistas combinaram que é preciso ter mais cautela nas articulações para afastar novos opositores.
"Quem quer ser campeão não pode ficar escolhendo os times adversários", resumiu o líder do PSDB no Senado, Sérgio Machado (CE), um dos participantes do almoço que reuniu ontem os dirigentes dos dois principais parceiros da reeleição de FHC.
Nesse almoço, eles avaliaram que os novos nomes lançados não serão obstáculo para o presidente. Para os presentes, Ciro Gomes, José Sarney e Roberto Requião nem sequer serão candidatos. A única incógnita é Itamar Franco.
Quem mais defendeu a tese de que Ciro fica no PSDB e desiste da candidatura pelo PSB foi o ministro Sérgio Motta (Comunicações). Ele recebeu do governador Tasso Jereissati (CE), na noite de terça-feira, num jantar no Itamaraty, um relato da conversa de quatro horas que ele tivera com Ciro.
O dado novo considerado contra Sarney foi a declaração da sua filha, Roseana, governadora do Maranhão, desestimulando essa candidatura. Quanto a Requião, sua postulação não é tida como séria.
Tucanos e pefelistas também querem que o PMDB se decida logo e que FHC cobre de volta os cargos do partido, caso a maioria decida pela candidatura própria ao Planalto.
O ex-presidente Itamar Franco é a grande incógnita no quadro eleitoral traçado no almoço, no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente Marco Maciel.
Os presentes dizem que Itamar não é "um peão suficientemente forte para mudar o tabuleiro" da sucessão presidencial, mas preferem que ele se limite à eleição em Minas. Itamar está sem partido e deve se filiar ao PMDB.
Para segurar Itamar em Minas, o PFL promete apoiá-lo no Estado. Aí, o problema passa a ser do PSDB, pois o governador tucano Eduardo Azeredo é virtual candidato à reeleição.
Um quadro eleitoral preciso só poderá ser traçado depois de 3 de outubro, prazo final de filiação partidária para os candidatos de 98. Nova reunião de PSDB e PFL foi marcada para cinco dias depois dessa data. "Vamos deixar estabilizar as coisas", disse o presidente do PFL, deputado José Jorge (PE).
As eleições em Minas, São Paulo e Rio são as que mais preocupam as cúpulas dos dois partidos. "O presidente não pode perder o controle no Triângulo das Bermudas", resumiu o secretário-geral do PSDB, Arthur Virgílio Neto (AM).
São remotas as chances de PSDB e PFL se aliarem nesses Estados.

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