São Paulo, sábado, 6 de setembro de 1997
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Polícia se afasta e espera permissão do pai

LUCAS FIGUEIREDO; WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diretor-geral da Polícia Civil do Distrito Federal, Teodoro Rodrigues Pereira, declarou ontem à noite que a polícia não está atuando no sequestro de Cleucy Estevão.
Pereira disse que estava aguardando orientação do pai da menina, Luiz Estevão, que até então não havia decidido se queria ou não a participação da polícia.
Para a polícia, o sequestro pode ter sido executado pelo Terceiro Comando, organização criminosa dissidente do Comando Vermelho.
Essa suspeita fez com que a PF também fosse acionada para colaborar com as investigações. Segundo o diretor-geral da Polícia Civil, esse trabalho foi interrompido.
Por ordem do ministro Iris Rezende (Justiça), a Polícia Federal designou para o caso nove agentes e dois delegados, que dispõem de dois helicópteros.
Suspeita-se que a ação tenha sido planejada pelo carioca Pedro Jorge Gouveia Filho, o Pedrinho Maluco, 39, um dos líderes do Terceiro Comando.
O ex-deputado distrital Tadeu Roriz, que esteve com o empresário Luiz Estevão ontem à tarde, disse que a polícia estava rastreando dois telefonemas dados ao gabinete do deputado em que não houve conversação.
Os telefonemas, segundo ele, partiram de Luziânia (GO), distante 60 km de Brasília, onde Pedrinho Maluco tem uma chácara.
Atualmente cumprindo pena no Rio, Pedrinho Maluco foi preso em agosto do ano passado, em um hotel de Brasília, com uma lista de empresários e políticos.
Entre os nomes da lista estava o do empresário Luiz Estevão. Na época, Pedrinho Maluco disse aos agentes que o prenderam que estava na capital federal havia quatro meses planejando sequestros.
A prisão de Pedrinho Maluco em Brasília, no ano passado, foi o primeiro sinal que levou à suspeita de que poderosos grupos criminosos do Rio possam estar transferindo suas atividades para a capital federal, acreditam investigadores que atuam no caso.
A Polícia Civil e a PF tinham como prioridade localizar criminosos do bando de Pedrinho Maluco que estão soltos.
A Folha apurou que estavam sendo investigadas Elisângela Lemos Morais, 24, e a menor F.C.M., 15. As duas têm filhos com Pedrinho Maluco e estavam com ele quando o criminoso foi preso.
Os investigadores acreditam que elas podem saber se o Terceiro Comando está por trás do sequestro.
Agentes da Polícia Civil também vasculhavam os arredores de Luziânia. Conforme as investigações, a chácara nesse município seria transformada em cativeiro.
Está sendo checada a informação de que o criminoso tem duas fazendas, em Minas e Mato Grosso.
(LUCAS FIGUEIREDO e WILLIAM FRANÇA)

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