São Paulo, sábado, 6 de setembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pedaços de corpos ficam espalhados

SULTAN SLEIMAN
DO "THE INDEPENDENT", EM ANSARIAH

Pedaços dos corpos dos 11 militares israelenses mortos em um ataque fracassado estavam espalhados pelo povoado de Ansariah, no sul do Líbano, 12 horas depois do confronto com tropas do Exército libanês e guerrilheiros muçulmanos.
"Isto daqui é parte da cabeça de um soldado israelense", disse um guerrilheiro do movimento pró-sírio Amal que participou dos combates na manhã da sexta-feira.
A cena mostrava evidências do confronto mais sangrento ocorrido no sul do Líbano desde 1985 e que teve início na manhã de sexta-feira, depois que comandos israelenses desembarcaram no litoral sul do país, antes do amanhecer.
Oficiais das forças de segurança libanesas disseram à agência "Reuter" que os militares caminharam cerca de 2 km, carregando armas e explosivos, numa missão sigilosa de rotina fora da zona de ocupação israelense no sul do Líbano.
Quando chegaram perto do povoado à beira-mar, normalmente tranquilo, o som de explosões acordou os habitantes, que ouviram um confronto feroz dos israelenses contra unidades do Exército libanês e guerrilheiros muçulmanos.
Fontes israelenses informaram que 11 dos comandos morreram e um estava desaparecido, presumivelmente morto. Quatro soldados israelenses ficaram feridos, um deles gravemente.
Amina Abu Ihia, 56, e seus sete filhos acordaram com o som de explosões a 150 m de sua casa. "Acordei com o som de explosões e de repente havia balas voando pelo ar e ouvimos bombas por todo lado", disse ela à "Reuter", apontando um buraco de bala na parede de sua casa.
Pouco depois, ela ouviu o som de helicópteros israelenses no ar, misturado aos gritos dos soldados israelenses atacados.
Doze horas mais tarde, tropas do Exército libanês, guerrilheiros pró-iranianos do Hizbollah e combatentes do Amal com fuzis AK-47 pendurados nos ombros fecharam a área, depois de informados da existência de um soldado israelense desaparecido.
Realizaram uma busca no local, em meio ao cheiro de pólvora e carne humana queimada, misturada ao perfume dos pinheiros e das laranjeiras. Parte da vegetação no local ainda ardia em chamas.
Próximo ao local, uma palestina de 35 anos estava deitada morta em seu carro, a mais recente vítima civil do sangrento conflito no sul do Líbano.

Texto Anterior: Israel congela o processo de paz
Próximo Texto: Suíça captura guerrilheiro chileno
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.