São Paulo, domingo, 7 de setembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Candidato pelo PFL, presidente da Fiesp quer reforma tributária

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

O PFL é a legenda pela qual Carlos Eduardo Moreira Ferreira, 58, presidente da Fiesp, vai disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados nas eleições de 1998.
Falando pela primeira vez como candidato do PFL paulista ao Congresso, Moreira Ferreira disse, em entrevista à Folha anteontem, que quer ter "mais de 100 mil votos" (em 1994, o candidato mais votado do PFL de São Paulo foi Paulo Oliveira Lima, com 82,6 mil votos).
Moreira Ferreira considera a reforma tributária um dos temas centrais de sua campanha. Ele vai se filiar oficialmente ao PFL no dia 25 deste mês, em São Paulo, com presença do vice-presidente Marco Maciel, políticos e empresários.
A seguir, os principais trechos da entrevista.
*
Folha - Por que o PFL?
Carlos Eduardo Moreira Ferreira - Porque é um partido que apóia a estabilização da economia. Tem dado um suporte efetivo ao governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, o qual a Fiesp apóia. Porque tem um programa de ação baseado em dois temas que para mim são importantes para o futuro do país: educação e emprego.
Folha - Por que não o PSDB?
Moreira Ferreira - É uma questão de viabilidade eleitoral. E também das pressões, no melhor sentido do termo. Os dirigentes do PFL insistiram na minha filiação. Marco Maciel veio aqui para me convidar. Tive inúmeros encontros com nomes de destaque do partido, tais como Jorge Bornhausen, Roberto Magalhães e Cláudio Lembo. O senador Antonio Carlos Magalhães me chamou para uma conversa em Brasília. Escolhi o PFL, tendo tido a honra de receber convites de oito partidos.
Folha - Quanto vai custar a campanha? De onde virá o dinheiro?
Moreira Ferreira - Não tenho uma estimativa mais concreta. Mas a melhor forma de fazer uma campanha é baseá-la em apoios desvinculados de objetivos econômicos, buscando o apoio pessoal.
Folha - O sr. vai ser o líder da bancada do empresariado?
Moreira Ferreira - Quero ser o deputado da produção e do emprego. Vou procurar articular no Congresso um grupo de parlamentares comprometidos com a retomada do desenvolvimento.
Na bancada da produção, vamos defender a economia de mercado e a iniciativa privada. Nossa tarefa é produzir bens de melhor qualidade por menor custo e não entregar nosso mercado de bandeja para os outros. Com a experiência adquirida à frente da Fiesp, sei perfeitamente que, em matéria de política, é preciso perseguir os objetivos no corpo-a-corpo. Não adianta ficar à distância, lamentando-se, culpando partidos ou o governo.
Folha - Quantos votos o sr. pretende ter?
Moreira Ferreira - Preciso ser um deputado muito bem votado. Gostaria de ter mais de 100 mil votos.
Folha - A sua candidatura significa que os empresários desistiram das reformas estruturais na atual legislatura?
Moreira Ferreira - Não, eu acho que os empresários não perderam as esperanças. Ainda temos algum tempo nesta legislatura, o que permite que alguma coisa seja feita.
- Mas o sr. tem criticado a lentidão das reformas.
Moreira Ferreira - Tenho reclamado porque não podemos aceitar esse sistema tributário cheio de remendos. Finalmente, tivemos uma palavra mais clara do ministro Pedro Malan a respeito da reforma tributária. A proposta dele de um imposto sobre o consumo vai ao encontro da proposta que o empresariado defende desde 1993.
Folha - A reforma tributária é central em sua campanha?
Moreira Ferreira - Sim, porque chega de aumentar impostos. Se for eleito para a Câmara, pretendo combater o aumento de impostos no país. Não é criando mais impostos que vamos resolver a situação do governo. O governo só poderá combater o déficit público fazendo as reformas tributária, previdenciária e administrativa.

Texto Anterior: Entenda o quociente eleitoral
Próximo Texto: PV tenta superar estigma de 'exótico' para chegar ao poder
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.