São Paulo, domingo, 7 de setembro de 1997
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Infectologistas questionam erradicação

MALU GASPAR
DA REPORTAGEM LOCAL

A meta estabelecida pela Organização Panamericana da Saúde de erradicar o sarampo do continente americano até o ano 2000 começou a ser questionada por infectologistas depois do crescimento da epidemia no Brasil.
O país concentra a maioria dos casos do continente. Grande parte do público atingido tem de 15 a 29 anos. De São Paulo, onde o surto começou em setembro de 1996, os casos se espalharam para os outros Estados.
Para os infectologistas do Hospital das Clínicas David Uip e Vicente Amato Neto, é impossível que em três anos a doença esteja erradicada no Brasil.
"Antes de começar a regredir, a doença ainda pode se espalhar muito. Por mais que haja vontade de combater o sarampo, é impossível acabar com ele até o ano 2000", afirma Uip.
Segundo ele, isso ocorre porque não se sabe exatamente quantas pessoas ainda estão vulneráveis ao sarampo, por falta de vacinação ou por nunca terem sido contaminadas.
Meta possível
Para o diretor do Centro Nacional de Epidemiologia do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, a erradicação do sarampo é possível. "Mas desde que combinados vários fatores, como aumento da vacinação -até os índices ideais de 95%- e com uma vacinação periódica a cada cindo anos", diz Barbosa.
Segundo ele, o Ministério da Saúde está fazendo reuniões com os secretários municipais e estaduais da saúde para definir estratégias que intensifiquem a vacinação em todo o país.
No ano passado, foram vacinadas no Brasil 79,98% do total de crianças em condição de serem imunizadas.
Em 1995, esse índice foi de 89,6%, e em 1994, de 78,3%.
Para o diretor da Opas, Ciro de Quadros, o quadro traçado pelos médicos é alarmista.
"Há alguns anos, tínhamos cerca de 300 mil casos de sarampo. Hoje, temos perto de 5.000. Se prestarmos atenção aos índices do resto do mundo, veremos que estamos em perfeitas condições de acabar com o sarampo. Isso é mais uma questão de vontade política do que de qualquer técnica."
(MGs)

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