São Paulo, domingo, 7 de setembro de 1997 |
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População não cumpre dever, diz secretário
OTÁVIO CABRAL
Ele critica principalmente setores da classe média, que, em vez de denunciar os crimes à polícia, preferem utilizar os meios de comunicação para mostrar descontentamento com a política de segurança pública do Estado. "Algumas pessoas não cumprem o dever constitucional de procurar a polícia quando sofrem qualquer infração. Mesmo que a pessoa entenda que não é importante para ela, é importante para a segurança pública, e todo mundo é responsável pela segurança pública", declarou o secretário. "Quem não cumpre a sua parte, não tem nenhum direito de reclamar." José Afonso atribui parte do "não-denuncismo" da classe média à desconfiança em relação à polícia, principalmente, após episódios como as ações da PM na favela Naval e na Fazenda da Juta. Na favela, policiais foram flagrados torturando moradores e dando o tiro que matou um deles. Na Fazenda, PMs foram responsáveis pela morte de três invasores de um terreno. Mas ele também aponta o comodismo da classe média como responsável pela situação. José Afonso considera que as vítimas, em vez de procurar jornais ou estações de rádio, deveriam entrar em contato com a polícia, mesmo que fosse por telefone. "Na verdade, a classe média é, de um modo geral, muito medrosa e acomodada. Isso é questão sociológica, não é um mero palpite." Planejamento Para o secretário, os crimes não notificados atrapalham o policiamento, já que a secretaria usa dados estatísticos para planejar ações de combate à criminalidade. Ele cita o caso de roubos em caixas eletrônicos, crime não denunciados na maioria das vezes e praticamente inexistente nas estatísticas da secretaria. Apesar de, isoladamente, a falta de notificação esconder alguns tipos de crimes, ele não acha que isso cause distorções nos índices gerais de criminalidade. Outro problema da falta de notificações apresentado pelo secretário é a maior dificuldade de prender os criminosos. "Se a pessoa presta queixa imediatamente, a chance de prender o criminoso em flagrante é maior. Além disso, as queixas vão criando condições para a polícia fazer uma investigação mais eficiente. Se as vítimas não denunciam, o criminoso continua assaltando a vida toda." Texto Anterior: Criminalidade extrapola estatísticas Próximo Texto: Dado oficial deve ser multiplicado, diz ONU Índice |
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