São Paulo, domingo, 7 de setembro de 1997
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Ajustes nas Bolsas

ÁLVARO ANTÔNIO ZINI JR.

As Bolsas de São Paulo e do Rio de Janeiro vêm passando por fortes oscilações que têm assustado muito os investidores pequenos que haviam aplicado seus recursos em fundos de investimento. No entanto, embora essas oscilações ainda possam voltar, a médio e longo prazos as Bolsas continuam sendo uma boa opção de investimento.
A semana passada começou com queda de 4,7% na segunda-feira, refletindo o temor de que a crise nas Bolsas do Sudeste Asiático pudesse se agravar. Logo na terça-feira houve forte elevação de 9%, seguindo a valorização da Bolsa de Nova York.
Esses exemplos evidenciam como o valor das ações no Brasil pode sofrer variações significativas devido a fatores totalmente externos. O curioso é que a crise asiática e a valorização das Bolsas de Nova York e da Europa apontam para direções distintas.
A crise financeira no Sudeste Asiático ainda deve se aprofundar, pois houve forte expansão no crédito ao setor privado, tanto em moeda local como em divisas estrangeiras. O alto endividamento das empresas locais tornou-as, portanto, bastante vulneráveis a elevações na taxa de juros e na taxa de câmbio. Os ajustes nos mercados asiáticos, ao que tudo indica, ainda não terminaram e continuarão sendo um fator de instabilidade.
Já os ajustes nas Bolsas de Nova York e da Europa são no sentido de desacelerar o ritmo de elevação desses pregões. Como se comentou nessa coluna, há duas semanas, a valorização das ações nas Bolsas dos países industrializados foram excepcionais no primeiro semestre dada a liquidez folgada e os aumentos nos lucros das grandes corporações.
Evidentemente, não se poderia esperar que esses ganhos continuassem no mesmo ritmo, mas que ocorresse uma estabilização, com ganhos mais moderados nos pregões. Nada sugere quedas generalizadas nessas Bolsas, pois a liquidez internacional continua elevada.
As Bolsas no Brasil continuarão sujeitas a muitas oscilações devido às perdas recentes e aos fatores externos, mas, enquanto tendência, devem refletir principalmente os ganhos mais moderados da Bolsa de Nova York. Assim, mesmo sujeitos a instabilidade, o sentido geral é de sustentação dos pregões locais.

Álvaro A. Zini Jr., 44, é professor titular da Faculdade de Economia e Administração da USP.

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