São Paulo, domingo, 7 de setembro de 1997
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Poupança individual tem prós e contras

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

Uma alternativa para quem deseja formar um pecúlio de longo prazo é poupar sozinho, colocando as sobras mensais numa caderneta ou em fundos de investimento. Mas isso requer disciplina e algum conhecimento.
Nos planos de previdência privada aberta, há um custo nem um pouco baixo para que a instituição cuide de seu dinheiro e o faça crescer. Se a taxa de administração é de 5%, por exemplo, de cada R$ 100 que você recolhe todo mês, apenas R$ 95 são capitalizados.
Investindo sozinho, a vantagem é evitar esse custo. Se a poupança mensal é de R$ 100, todo este valor será aplicado.
O brasileiro ainda é avesso a investimentos de longo prazo, mas, pelo menos na faixa de classe média, a única saída para ter alguma tranquilidade na velhice é formar um pecúlio ao longo da vida ativa.
Calcule sozinho
Imagine que você aplique apenas R$ 100 por mês, durante 25 anos, obtendo rentabilidade real (acima da inflação) de 0,5% ao mês. Formaria um pecúlio que permitiria retiradas mensais de R$ 446,50 também por 25 anos.
Poupando R$ 500 por mês nas mesmas hipóteses de prazos e juros, poderia retirar R$ 2.232,48 durante 25 anos até o dinheiro acabar.
A tabela ao lado ajuda nas projeções. Na hipótese anterior, os R$ 500 foram divididos por 0,223966 (fator que aparece no "cruzamento" dos 25 anos de poupança com os 25 anos de saques mensais).
Se planeja usufruir de uma renda complementar de R$ 2.000 por 20 anos, e para isso pretende poupar por 25 anos, por exemplo, o depósito mensal seria de R$ 402,83 (multiplique R$ 2.000 por 0,201417).
Os contras
Dirigentes de empresas que operam planos de previdência concordam que a poupança individual de fato custa pouco, mas ainda assim defendem seu produto.
Quem faz seu próprio pecúlio para usufruir dele no futuro corre o risco de viver mais que o previsto e o dinheiro acabar, adverte Fuad Noman, presidente da Brasilprev.
Na previdência privada, as contribuições vão garantir renda mensal vitalícia, lembra Noman.
Outra diferença é que as contribuições à previdência privada são dedutíveis do Imposto de Renda. O acerto de contas com o IR é feito só no futuro, na hora de declarar o que foi resgatado.
Há também, no caso de pessoas que aplicam individualmente em fundos, o imposto de 15% sobre o rendimento, o que não ocorre na previdência privada, acrescenta Flávio Perondi, diretor da AGF Brasil Seguros.
O custo da taxa de administração acaba sendo absorvido a longo prazo, com vantagem para o participante, por meio da distribuição de parte dos rendimentos que excedem IGP-M mais 6% ao ano, argumenta Noman.
Numa simulação da Vera Cruz Vida e Previdência para quem entra no plano aos 30 anos de idade para sair aos 60, com R$ 2.000 por mês, a estimativa é receber renda mensal de R$ 3.624 caso haja distribuição de 3% ao ano, a título de excedente da garantia mínima de IGP-M mais 6% ao ano.

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